Privatizar Petrobras ajudaria a bancar programas sociais, diz Guedes
“A Petrobras vai valer zero daqui a 30 anos. O que nós fizemos? Deixamos o petróleo lá embaixo, com uma placa de monopólio”, disse
atualizado
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, confirmou nesta segunda-feira (25/10) que o governo está discutindo a privatização da Petrobras. Em evento para apresentar o Programa Nacional de Crescimento Verde, o ministro registrou o impacto positivo gerado na bolsa de valores por comentário do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em apoio ao assunto, e disse que o investimento arrecadado com a venda poderia subsidiar programas sociais.
Diante de uma semana conturbada para Guedes, após admitir uma “licença” para furar o teto de gastos e, desta forma, custear o novo Bolsa Família, batizado de Auxílio Brasil, o ministro voltou a defender pautas liberais clássicas, como as prometidas privatizações e reformas.
“E se daqui a 20 anos o mundo todo migrar para a energia elétrica, hidrogênio, nêutron, energia nuclear e o fóssil for abandonado? A Petrobras vai valer zero daqui a 30 anos. O que nós fizemos? Deixamos o petróleo lá embaixo, com uma placa de monopólio de estatal ali em cima. O objetivo é tirar esse petróleo o mais rápido possível e transformar em educação, investimento e tecnologia”, afirmou.
“E se agora o petróleo só sobe, o que o povo ganha com isso? Bastou o presidente dizer ‘olha, vamos estudar isso’, o negócio subiu 6% instantaneamente. Se isso acontece mais uma semanas, aparecem R$ 150 bilhões. Isso poderia ir para os mais frágeis. Por que não podemos pensar mais detalhadamente sobre isso?”, indagou Guedes.
Na semana passada, Bolsonaro disse que tinha “vontade de privatizar a Petrobras”, em meio as reclamações de aumento do preço dos combustíveis. Logo após a declaração, as ações ordinárias e preferenciais da companhia registraram alta de 1,49% (ordinárias) e 1,42% (preferenciais). Ao mesmo tempo, o Ibovespa caía a 0,07%.
De acordo com informações divulgadas pela CNN, o governo realmente está estudando mandar um projeto de lei ao Congresso Nacional pedindo autorização para privatizar a Petrobras. Por enquanto, a inspiração seria o modelo enviado ao Congresso para a privatização da Eletrobras, com limite máximo de 10% para cada acionista e preservação de uma “golden share” (ação de classe especial com poder de veto em decisões estratégicas) com a União.