Previdência: sindicatos criam “calendário de lutas” contra a reforma
Objetivo, segundo os líderes sindicais, é dialogar com a população sobre as “consequências nefastas” das propostas apresentadas
atualizado
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Na manifestação realizada por centrais sindicais nesta quarta-feira (20/2) na Praça da Sé, no centro da capital paulista, contra o projeto de reforma da Previdência do presidente Jair Bolsonaro (PSL), os líderes sindicais, que rejeitam as mudanças nas regras, prometeram reagir.
Para isso, foi elaborado um “calendário de lutas” que prevê, além de atos públicos, mobilizações nos locais de trabalho e nos bairros de todos os municípios do país. “Não existe reforma, o que Bolsonaro apresentou hoje é o fim da Previdência, fim da seguridade social no país”, disse Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
O objetivo, segundo os organizadores da Assembleia Nacional da Classe Trabalhadora, é dialogar com toda a população e esclarecer as “consequências nefastas” das propostas apresentadas por Bolsonaro.
“Na convocação de grandes atos unitários, destacamos o 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, e o 1º de Maio, Dia do Trabalhador”, diz trecho do documento aprovado pelos trabalhadores na Assembleia Nacional.
Além disso, foi deliberado que haverá o que chamaram de “dia nacional de lutas e mobilizações em defesa da Previdência Social Pública e contra o fim da aposentadoria”, em data a ser estabelecida pelas centrais sindicais, como parte da Jornada Nacional de Lutas em defesa da Seguridade e a Previdência Social.
Os sindicatos criticam a proposta de reforma que eleva as idades mínimas de aposentadoria de 65 anos para homens e 62 para mulheres e estabelece o mínimo de 20 anos de contribuição. Também acaba com as aposentadorias por tempo de contribuição, após um período de transição. E para ter direito ao benefício integral, será preciso contribuir por 40 anos.
Verdadeiros privilegiados
Em resposta à propaganda oficial do governo, que vai afirmar que a reforma acaba com os privilégios, o presidente da CUT disse que os “verdadeiros privilegiados são os políticos, que conseguem se aposentar com todos os privilégios após dois mandatos”.
“Privilégio é o alto escalão do Judiciário, é a cúpula militar. E a reforma não acaba com privilégios, simplesmente acaba com o direito à aposentadoria do povo trabalhador, que na maioria dos casos recebe o benefício de um salário mínimo pra sobreviver”, ressaltou.
O presidente nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, também criticou duramente a proposta apresentada por Bolsonaro e disse que a capitalização, por exemplo, deve ser feita para os ricos, e não para a classe trabalhadora “que batalha pra garantir a aposentadoria no final da vida, vive períodos de desemprego e empregos informais e não tem a menor condição de fazer poupança”.
“Estamos falando de trabalhadores que aguardam ansiosamente o dia de receber o pagamento da aposentadoria que não chega ao final do mês”, destacou. “Os trabalhadores e trabalhadoras devem ter o direito de se aposentar garantido e não abriremos mão da luta por um país mais humano e menos desigual”, observou Adilson Araújo.
Contra o país
Já o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, disse que a reforma apresentada é contra o país e contra o futuro dos trabalhadores. “O futuro para eles é a carteira de trabalho verde e amarela sem direitos e o fim da aposentadoria”, atacou. “Quem precisa da Previdência é o povo, são os mais pobres, por isso temos de lutar por nossos direitos. E o dia de hoje é só o início da nossa jornada de luta”, assegurou o sindicalista.
É o que reforça o secretário-geral da Intersindical, Edson Carneiro, o Índio. “Iniciamos um amplo diálogo com a classe trabalhadora no dia de hoje em defesa da Previdência e contra a entrega da nossa aposentadoria nas mãos dos bancos e dos rentistas”, afirmou. “A extrema direita não tem nada a oferecer ao povo brasileiro. Eles querem destruir o Estado e entregar a Previdência para o Bradesco, Itaú, para os banqueiros”, arrematou.
Para a CUT e demais centrais sindicais que organizaram a assembleia – Força Sindical, CTB, Intersindical, Nova Central, CGTB, CSP-Conlutas e CSB –, as propostas apresentadas pelo governo confirmam a avaliação de que, “se essas medidas foram aprovadas, os trabalhadores e trabalhadoras irão morrer sem se aposentar”. (Com informações da Agência Estado e da CUT)