Presidente do BNDES diz que auditoria é anterior ao seu mandato
Segundo Gustavo Montezano, relatório que esvaziou tese de corrupção no banco estava “90% concluído” quando assumiu o cargo, no ano passado
atualizado
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O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, afirmou nesta quarta-feira (22/01/2020) que 90% da auditoria de R$ 48 milhões que não apontou evidências claras de corrupção na instituição já estava concluída quando assumiu e não foi contratada pela atual gestão. A declaração foi dada ao jornal O Estado de S. Paulo em Davos, na Suíça, onde ele está para o Fórum Econômico Mundial.
Montezano comanda o banco desde julho de 2019 e, para ele, o valor pago pelo banco representa, sim, uma “grande quantia de dinheiro”, mas ressalvou que “auditorias são caras mesmo”. O contrato foi feito com a Cleary Gottlieb Steen & Hamilton LLP.
Quando foi firmado, ainda na gestão de Dilma Rousseff (PT), o contrato tinha como foco apenas a prestação de consultoria na área internacional. Três anos depois, na administração de Michel Temer (MDB), quando venceria, foi prorrogado por 30 meses para “abrir a caixa-preta” das operações do BNDES com a JBS, o Bertin e a Eldorado Celulose, no período de 2005 a 2018.
O atual presidente descartou ainda a realização de uma “auditoria da auditoria”: “A nossa função como executivo é trabalhar para que o banco recupere sua reputação, certificar que supervisores tenham acesso à informação e informar a população com informações corretas. Não somos juízes nem políticos. Nossa abordagem é técnica e executiva para recuperar imagem do banco”.
A respeito do comentário do ex-diretor do BNDES Carlos Thadeu de Freitas de que o banco deveria pedir desculpas aos funcionários, nos moldes do que fez a Petrobras, ele afirmou que a analogia com a petrolífera é “perigosa”. “Lá, houve provas de crime, pessoas confessaram. O BNDES está na ponta oposta. Nada foi provado contra ninguém”, opinou.