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Presidente do BC alfineta aumento de gastos do governo federal

“É impossível para qualquer banco central do mundo fazer um trabalho de segurar as expectativas com o fiscal descontrolado”, afirmou

atualizado

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Marcelo Camargo/Agência Brasil
O economista Roberto de Oliveira Campos Neto, indicado pela presidência da República para o cargo de presidente do Banco Central, durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado
1 de 1 O economista Roberto de Oliveira Campos Neto, indicado pela presidência da República para o cargo de presidente do Banco Central, durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, falou, nesta sexta-feira (13/8), sobre as expectativas de inflação no Brasil. Para ele, segurar a taxa “com um ambiente fiscal descontrolado é impossível para qualquer Banco Central do mundo”. A declaração foi feita durante participação no 4° Encontro Folha Business.

O descontrole ao qual Campos Neto se refere está relacionado ao aumento de gastos do governo e à propostas entregues ao Congresso recentemente. A principal delas é uma PEC enviada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que propõe o parcelamento de precatórios acima dos R$ 66 milhões, ao longo de dez anos. Com isso, seria aberto um espaço de R$ 33,5 bilhões no Orçamento de 2022 para reforçar o Bolsa Família, rebatizado de Auxílio Brasil.

“De uns tempos para cá, com algumas notícias como o tema do precatório, o tema de qual vai ser o novo programa Bolsa Família, incentivos para setores específicos, esses temas geraram um ruído no mundo financeiro”, afirmou Campos Neto.

“É impossível para qualquer banco central do mundo fazer um trabalho de segurar as expectativas (da inflação) com o fiscal descontrolado”, completou.

De acordo com as previsões do mercado, a inflação deve fechar em 7% neste ano. O porcentual está bem acima do teto da meta que o BC persegue, de 5,25%.

Precatórios

A proposta entregue por Bolsonaro de parcelar precatórios recebeu uma enxurrada de críticas. Enquanto o ministro da Economia, Paulo Guedes, alega que se forem pagos os R$ 90 bilhões em dívidas do governo, o teto de gastos será estourado, advogados e especialistas da Constituição afirmam que o não pagamento é pedalada fiscal, o que pode ensejar o impeachment de Bolsonaro, como ocorreu com a ex-presidente Dilma Rousseff.

Os precatórios são dívidas do governo reconhecidas na Justiça e que não são passíveis de recursos, ou seja, a União é obrigada a honrá-las. De acordo com a equipe econômica, entretanto, o volume de precatórios previsto para o ano que vem será “um meteoro” para as contas públicas, caso seja pago.

Diante deste cenário, “o mundo financeiro e os agentes econômicos passaram a ter uma percepção de que o ambiente fiscal não está melhorando tanto, e os preços corrigiram em relação a isso”, afirmou Campos Neto.

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