Preocupação com a alta de Selic cresce entre empresários, aponta CNI
Preocupação com Selic foi mencionada por 24,2% dos industriais ouvidos pela CNI. Atualmente, os juros estão em 13,75%, mesmo patamar de 2017
atualizado
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Os industriais, além das preocupações com a inflação, têm outro problema com o descontrole dos preços: a alta dos juros imposta pelo Banco Central (BC). Atualmente, a Selic está em 13,75% ao ano. De acordo uma nota econômica divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta quinta-feira (1º/12), a Selic foi mencionada como um problema por 24,2% dos industriais ouvidos.
O Brasil não vivia algo do tipo desde 2017, quando a taxa chegou ao mesmo percentual de 2022, a 13,75% ao ano. De acordo com a CNI, em 2021 as preocupações com a taxa de juros no ranking de problemas enfrentados pela indústria de transformação ocuparam o 13° lugar.
O BC indicou que não deve diminuir os juros este ano. Em 2023, a tendência é de queda, podendo fechar a Selic em 11,50% ano ano, como indicou o último Boletim Focus.
Hoje, a Selic está em quarto lugar entre as preocupações. Na primeira colocação estão as questões mais ligadas diretamente às produções, como o alto preço e escassez de matéria-prima, sendo 39,4% das respostas. Em segundo e terceiro lugar estão: elevada carga tributária (34,2%) e demanda insuficiente (24,3%).
Selic em crescimento
Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI, explicou que os juros passaram a ser vistos como um problema pelo setor industrial desde que a Selic iniciou sua trajetória de crescimento. A Selic saiu de 2% ao ano, seu menor patamar histórico, para 13,25% ao ano, entre março de 2021 e junho deste ano.
“A Selic permanece nesse patamar, mas os efeitos da mudança significativa do seu nível têm sido gradualmente mais percebidos pelos empresários, tornando-se um problema cada vez mais relevante para muitos setores da indústria de transformação”, explica Marcelo.
Mais da metade dos industriais do setor de biocombustíveis, 55%, consideram os juros alto o principal problema de suas produções.
Dos 24 setores da indústria de transformação avaliados, 13 afirmam que o problema de taxas elevadas está entre os cinco principais desafios. Além do setor de biocombustíveis, 36,8% dos empresários ligados ao setor de produtos de material plástico, os juros também aparecem em primeiro lugar como quesito de desassossego.
As preocupações com os juros se alastram por diversos setores, como mostra a CNI, como Alimentos; Calçados e suas partes; Celulose e papel; Madeira; Máquinas e equipamentos; Máquinas e materiais elétricos; Metalurgia; Produtos de limpeza, perfumaria e higiene pessoal; Produtos de metal; Vestuário e acessórios; e Têxteis.
Mão de obra
Além dos juros, outro problema que a indústria enfrenta é a busca por mão de obra qualificada e o alto custo quando se encontra alguém capacitado. Desde o terceiro trimestre de 2020, os percentuais de assinalação para esse item ficaram acima dos 10%, chegando ao maior resultado registrado da série histórica no terceiro trimestre de 2022, com 16,5% de apontamentos pelos empresários.
Dos 24 setores avaliados, 15 apresentaram aumentos nos percentuais entre o segundo e o terceiro trimestre do ano. As maiores variações percentuais foram para Móveis e Metalurgia, ambos com 14 pontos percentuais de aumento.
Além disso, os setores Calçados e suas partes, Celulose e papel, Móveis e Veículos automotores consideram o problema como terceiro mais relevante, com 35,7%, 21,4% e 30,2% e 19,2% das citações pelos industriais, respectivamente. No caso de Veículos automotores, essa questão ocupa a 3ª posição, empatada com o problema de taxa de câmbio, que também está com o mesmo percentual de citações.
“Para lidar com esse problema de falta ou alto custo de trabalhador qualificado, a maioria das empresas promove a capacitação de seus trabalhadores, mas encontra obstáculos na baixa qualidade da educação básica e na falta de interesse dos trabalhadores em se qualificar”, explica Marcelo Azevedo.