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Prejuízos causados por greve dos caminhoneiros passam de R$ 50 bilhões

Empresas ligadas a bens de consumo, como vestuário e peças de carro, dizem já estarem dispensando funcionários sem previsão de retorno

atualizado

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1 de 1 caminhoneiros - Foto: Michael Melo/Metropoles

Apesar de dar indícios de desmobilização, a greve dos caminhoneiros continua ampliando os prejuízos da indústria, do comércio e da agricultura do país. Dados divulgados por 13 segmentos da economia indicam perdas de mais de R$ 50 bilhões com fábricas paradas, exportações suspensas, vendas adiadas e animais mortos, entre outros problemas.

No grupo de setores com maiores perdas, estão o de distribuição de combustível, que deixou de vender o equivalente a R$ 11 bilhões, e o químico, com perda de faturamento de US$ 2,5 bilhões (cerca de R$ 9,5 bilhões). A cadeia produtiva da pecuária de corte deixou de movimentar entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões.

Produtores de aves e suínos contabilizam R$ 3 bilhões em prejuízos, incluindo a morte de 70 milhões de aves e de 20 milhões de suínos, a maior parte por falta de ração. Mesmo após o fim da greve, a recuperação vai demorar a ocorrer. “O tempo para o produtor se reestruturar é de seis meses a um ano”, calcula o superintendente técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Bruno Lucchi.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) calcula perdas de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 3,8 bilhões) só com exportações não concretizadas. Segundo a entidade, 45% das 660 mil empresas do país estão paradas por falta de matéria-prima ou pela dificuldade de enviar os produtos.

Ociosos
Vários setores não calcularam prejuízos, mas o balanço de suas atividades dá a dimensão do estrago resultante da greve. “Estamos apavorados”, diz o presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein.

Pesquisa feita com associados da entidade indica que metade dos 300 mil funcionários das empresas do setor está ociosa em razão do desabastecimento de matérias-primas. Estoques de calçados prontos, equivalentes a um mês de produção, aguardam condições de tráfego para serem despachados aos lojistas.

“Com base no volume de insumos atuais, 85% das empresas só conseguem trabalhar até sexta-feira (1º/6)”, diz Klein. Com isso, o número de trabalhadores ociosos poderá chegar a 230 mil.

Automóveis
A indústria automobilística, que mantém a maioria das 40 fábricas de diversas marcas paralisada desde sexta-feira (25/5), já deixou de produzir aproximadamente 38 mil veículos. O setor emprega 113 mil funcionários e grande parte está em casa, sem previsão de retorno.

Ainda não há falta substancial de carros nas concessionárias, mas o desabastecimento de peças de reposição começa a se agravar, diz Alarico Assumpção, presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

Dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) indicam perdas de R$ 3,1 bilhões nas vendas de combustíveis, lubrificantes e hortifrutigranjeiros no Distrito Federal e nos estados de São Paulo (responsável por quase metade desse valor), Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Bahia.

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