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Plano federal para o Porto de Santos arrisca 6 mil empregos, diz sindicato

Governo federal está reestruturando o terminal e abrindo mais espaço para o agronegócio. Trabalhadores dizem que opção traz desemprego

atualizado

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O governo federal está preparando o Porto de Santos para a privatização e as mudanças já em andamento na maior estrutura portuária da América Latina estão deixando em lados opostos de uma disputa a administração e os trabalhadores do local, que apontam para o risco imediato de demissões em massa. Os sindicatos acusam o governo de priorizar o agronegócio, sacrificando empregos. Já os gestores garantem que as mudanças vão ampliar as vagas de trabalho no local.

O grande desencontro entre esses dois argumentos está nos prazos. O Ministério da Infraestrutura, responsável pelo porto, não fala em quando novos empregos serão gerados. Já os sindicalistas que atuam no local preveem a perda de até seis mil postos de trabalho nos próximos meses, agravando os impactos econômicos do coronavírus em toda a região da baixada santista.

Os desentendimentos ocorrem desde o início da atual gestão federal, mas atingiram o auge nas últimas semanas, com a recusa do governo em renovar o contrato de concessão de espaço para uma empresa que opera contêineres de carga, a Marimex, que gera dois mil empregos diretos e quatro mil indiretos.

O Ministério da Infraestrutura informa que a decisão tem o objetivo de abrir espaço na área do terminal para a ampliação dos ramais ferroviários que atendem o porto e para abrir espaço para empresas dos “setores de fertilizantes e grandes sólidos”.

A ampliação do espaço no Porto de Santos para os produtos do agronegócio é apontada pelos sindicalistas como uma política que vai dizimar empregos.

“O governo federal está atendendo os interesses de grupos econômicos e prejudicando o porto, a região, o estado de São Paulo como um todo”, acusa o presidente do Sindicato dos Empregados Terrestres em Transportes Aquaviários e Operadores Portuários (Settaport), Francisco Nogueira.

“Desde que o governo federal assumiu, o foco tem sido na venda do porto. Ano passado perdemos três mil empregos, agora estamos quase perdendo mais dois mil diretos. Imagina o impacto disso para a região quando estivermos tentando nos recuperar dos prejuízos causados pelo coronavírus”, diz ainda o sindicalista.

Para o representante dos trabalhadores, é um erro trazer mais agronegócio para Santos, porque o porto está próximo ao maior polo industrial do país, na capital paulista. “Há outros portos no país com mais vocação para o agronegócio. Nossa vocação maior é industrial. E a mudança gera desemprego, porque o processamento de grãos e fertilizantes é todo automatizado. Então, quem perder o emprego agora não tem nenhuma perspectiva de arrumar outro”, afirma Nogueira.

Os argumentos do governo
O Ministério da Infraestrutura garantiu ao Metrópoles, em nota, que “a informação de que milhares de empregos estão comprometidos no Porto de Santos devido a uma possível política de substituição de cargas conteinerizadas por grãos não procede. Não haverá, em hipótese alguma, perda de empregos no curto, médio e longo prazo”.

A única garantia dada, porém, foi de que apesar de o contrato da Marimex se encerrar no próximo dia 8 de maio, “a empresa deverá continuar operando por meio de contrato de transição até que a área seja revocacionada”. Não há um prazo definido para que isso ocorra.

A pasta informou que as mudanças estão previstas no “novo Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ)” do Porto de Santos, elaborado pela atual administração, e que esse documento “prevê salto da oferta de cargas de contêineres da ordem de 65% nos próximos 20 anos, o maior crescimento entre todas as cargas, com a perspectiva de um novo terminal dedicado, o que vai, inclusive, gerar novos postos de trabalho”. O cronograma de criação desses empregos não foi previsto.

O governo informa ainda que a ampliação do espaço para o transporte ferroviário “vai facilitar o transporte de contêineres até o Norte e o Centro-Oeste do país, por meio da conexão da linha interna com a Rumo Malha Paulista e com a Ferrovia Norte-Sul. Ou seja, em última instância, a medida vai propiciar a ampliação do transporte de contêineres por ferrovias em todo o país”.

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