“Petrobras pode distribuir R$ 43,7 bilhões em dividendos”, diz técnico
Diretor da Economatica avalia que estatal tem excesso de caixa, um dos fatores que justificaria o repasse de recursos a acionistas
atualizado
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Observados os critérios técnicos, a Petrobras tem fôlego para distribuir R$ 43,7 bilhões em dividendos a seus acionistas. A conclusão é de Felipe Pontes, diretor operacional da Economatica, empresa que detém um dos maiores bancos de dados financeiros da América Latina. “A estatal pode bancar os investimentos programados e tem muito dinheiro parado no caixa”, diz Pontes. “Nesse caso, a melhor coisa a fazer é pagar dividendos até para evitar um eventual mau uso desses recursos.”
A companhia propôs a distribuição do valor na última quinta-feira (3/11). Dos R$ 43,7 bilhões estimados, com pagamentos previstos entre dezembro e janeiro, R$ 12,5 bilhões iriam diretamente para os cofres do governo federal, o maior acionista da empresa. Note-se que esse montante se refere ao quarto trimestre. Até setembro, foram anunciados dividendos de R$ 173,4 bilhões, totalizando R$ 217,1 bilhões neste ano — o quinhão do governo atingiria R$ 62,2 bilhões.
O anúncio, no entanto, gerou controvérsias. De pronto, a presidente do PT, Gleise Hoffmann, tuitou: “Não concordamos com essa política que retira da empresa sua capacidade de investimento e só enriquece acionistas”. No dia seguinte, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a suspensão do repasse antes do fechamento do balanço anual da empresa.
Ocorre que a distribuição de dividendos, pondera Pontes, não é uma decisão arbitrária – muito menos enigmática. Segue normas. Entre elas, as regras fixadas pela Política de Remuneração dos Acionistas, documento aprovado novembro de 2021 pelo Conselho de Administração da Petrobras. “E todos os critérios estabelecidos no texto estão sendo cumpridos”, diz Pontes. “Além do mais, o caixa da companhia acumula R$ 23,6 bilhões e a reserva de lucros, que serve de base para o pagamento de dividendos, alcança R$ 133 bilhões.”
Ainda sob o ponto de vista técnico, ressalta o especialista, o total de dividendos deveria ficar entre R$ 33,5 bilhões e R$ 53 bilhões. “A escolha dos R$ 43,7 bilhões foi uma decisão dos conselheiros da empresa”, acrescenta Pontes. “Mas, como se vê, o valor poderia ser bem maior.”