Petrobras desiste de vender refinaria em Minas Gerais
Segundo a Petrobras, Refinaria Gabriel Passos (Regap) tem capacidade de processamento de 150 mil barris de óleo equivalente por dia
atualizado
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A Petrobras informou nesta sexta-feira (18/11) que desistiu, pelo menos por enquanto, da venda da Refinaria Gabriel Passos (Regap), localizada em Betim (MG), na região metropolitana de Belo Horizonte.
Segundo a Petrobras, a decisão se deve à proposta recebida, que seria “aquém da avaliação econômico-financeira” da empresa.
A Regap tem capacidade de processamento de 150 mil barris de óleo equivalente por dia.
No comunicado ao mercado, a Petrobras informa ainda que avaliará “o momento adequado”, para retomar a venda da refinaria.
Investir em refinarias é erro, diz especialista
Uma das promessas de campanha do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi a de voltar a investir em refinarias, para reduzir a dependência da importação de combustíveis do mercado externo e permitir que o petróleo nacional seja refinado.
Os investimentos bilionários em projetos como o Comperj e a refinaria Abreu e Lima, desenhados durante o último governo Lula, resultaram em obras que nunca foram concluídas e que custaram bilhões aos cofres públicos – seja por ineficiência ou por pura corrupção.
Na avaliação de David Zylbersztajn, ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e professor da PUC-RJ, a transição para um mercado com menos combustíveis fósseis deveria ser prioridade para a Petrobras.
“Investir em refinarias para reduzir a dependência do diesel importado seria como criar bois para somente vender picanha. Uma refinaria tem um custo elevado e baixo retorno, ainda mais se for construída apenas para reduzir os preços dos combustíveis. Na cadeia do petróleo, é o pior investimento possível. A Petrobras deveria se preocupar em apostarem novas fontes de energia, como usinas eólicas em alto mar ou até na produção de hidrogênio”, afirmou Zylbersztajn, em entrevista ao Metrópoles.
Combustíveis fósseis
Como noticiado pelo Metrópoles, um estudo apresentado durante a COP27 apontou que o Brasil deixou de arrecadar cerca de R$ 118,2 bilhões ao subsidiar combustíveis fósseis em 2021. O montante divide-se em R$ 71,9 bilhões destinados ao consumo, e R$ 46,3 bilhões, à produção.
De acordo com o estudo do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), o valor deve ser ainda maior em 2022, tendo em vista as políticas para zerar as alíquotas do PIS, da Cofins, PIS-Importação e da Cofins importação sobre combustíveis fósseis.
O estudo “Subsídios aos combustíveis fósseis: conhecer, avaliar, reformar”, divulgado na quarta-feira (16/11), apontou que o maior subsídio à produção de petróleo e gás no Brasil provém do Repetro. O mecanismo isenta de tributos a importação e produção interna de máquinas e equipamentos para a exploração de petróleo e gás.