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Pedro Parente receberá Petrobras mais enxuta

Prestes a ser confirmado na presidência da Petrobrás, Parente deve enfrentar um cenário menos turbulento na estatal

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Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Fabio Rodrigues Pozzebom Agência Brasil
1 de 1 Fabio Rodrigues Pozzebom Agência Brasil - Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Se confirmado na presidência da Petrobrás pelo conselho de administração, na próxima semana, Pedro Parente enfrentará um cenário menos turbulento na estatal. Depois de chegar a US$ 27, no início do ano, a cotação internacional do barril de petróleo voltou ao patamar de US$ 48. A recuperação, associada à melhora no fluxo de caixa na estatal na gestão de Aldemir Bendine, promoveram uma alta de 14% no valor de mercado da companhia desde fevereiro de 2015.

As cotações de petróleo atingiram, em janeiro deste ano, o patamar mais baixo em 12 anos. A variação negativa repercutiu nas ações da Petrobrás, que chegaram a R$ 4, e levou a petroleira a reduzir em 24% o volume de investimentos até 2019. Desde então, as cotações subiram 69% com a revisão dos estoques dos EUA e Canadá, além de impactos na produção da Nigéria.

Ontem, as cotações recuaram nas bolsas estrangeiras interrompendo a sequência de altas ao longo do mês de maio. O resultado também afetou o desempenho das ações da Petrobrás. Os papéis fecharam em queda entre 0,67%, e 1,56%, após ter aberto em alta de 5% refletindo a reação positiva à indicação de Pedro Parente.

Se por um lado a alta do preço do petróleo valoriza os ativos da estatal à venda, por outro reduz as margens de receita com a revenda de diesel e gasolina no País. Os preços estão mais altos que o valor de importação. Nos últimos quatro trimestres, em função do ganho com a venda de combustíveis, a estatal teve fluxo de caixa positivo – algo que não ocorria há 13 anos.

A gestão de Bendine e Ivan Monteiro também deixou, como marcas celebradas pelo mercado, a redução de gastos e funções administrativas. Além disso, a dívida bruta total soma R$ 450 bilhões no primeiro trimestre de 2016 – 9% menor que no mesmo período do último ano.

“Houve uma melhora, mas a dívida e o juros da dívida estão comendo esse saldo”, avalia o consultor e professor da PUC-RJ, Alfredo Renault. “A discussão de capitalização vai continuar. Com recursos do Tesouro seria inviável, então pode entrar no radar capitalização pelo mercado”, completa.

Na mesma linha seguem análises dos bancos. Para o BTG Pactual, a atual estrutura de capital é “inadequada e insustentável”. Já o Credit Suisse indicou que o novo comando da empresa precisará melhorar a eficiência dos investimentos e mantê-los em nível compatível com a geração de caixa, sem demandar mais financiamentos.

Acelerar o plano de desinvestimentos é outro consenso sobre a nova gestão. Até aqui, a estatal se desfez de US$ 1,4 bilhão em ativos no exterior – cerca de 10% da meta estabelecida para este ano. A expectativa é com a conclusão, em até 60 dias, da venda da rede de gasodutos do Sudeste, estimada em US$ 5 bilhões. A companhia também negocia campos terrestres e outros ativos no exterior, sobretudo na América Latina.

Para o professor de economia da UFRJ e ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Helder Queiroz, a missão de Pedro Parente é deixar claro aos investidores o que será a nova Petrobrás após a venda de ativos: “Falta uma sinalização de como o portfólio de ativos será arrumado a ponto de garantir o máximo de ganhos para a empresa. A Petrobrás vai ser menor. A pergunta é: como?”

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