PEC da Transição virou trem descontrolado, diz gestora de Stuhlberger
Em carta mensal, gestora de fundos Verde demonstrou preocupação com o crescimento “descabido” dos gastos no orçamento de 2023
atualizado
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A Verde, uma das mais relevantes e respeitadas gestoras de investimento do mercado, divulgou sua carta de outubro e o tema principal foi a preocupação com os planos fiscais do próximo governo. A gestora de Luis Stuhlberger classificou a PEC da Transição, negociada entre o Congresso e a equipe que representa o governo Lula nas negociações, de “trem da alegria brasiliense de crescimento dos gastos descontrolado”.
Durante a campanha, o presidente eleito evitou comprometer-se com o teto de gastos, e disse que governou o país com disciplina fiscal em um tempo em que tais mecanismos de controle ainda não existiam – o teto de gastos foi aprovado sob comando de Michel Temer. Com isso, Lula fez das suas gestões anteriores a fiança para as promessas de um próximo mandato.
“Essa espécie de ‘la garantia soy yo’ periga ter vida bastante curta se não for seguida de decisões e comportamentos que a corroborem”, alerta a carta elaborada pela Verde, lembrando o caso de Liz Truss, a primeira-ministra do Reino Unido que fez uma gestão-relâmpago, de duas semanas, e renunciou após não conseguir sustentar as promessas de uma reforma tributária ampla.
Os gestores, que administram fundos com patrimônio superior a R$ 50 bilhões, ponderaram que a bolsa brasileira navegou de forma positiva os primeiros dias após a vitória de Lula, pois esse era um acontecimento já esperado e precificado. Além disso, os mercados globais experimentaram uma boa recuperação ao longo das últimas semanas, o que certamente contribuiu para o bom-humor por aqui.
Mas esse clima positivo pode não durar muito, e a volatilidade do Ibovespa e do dólar após o anúncio de nomes como o do ex-ministro da Fazenda do governo Dilma, Nelson Barbosa, na equipe de transição são prova de que os próximos passos podem apagar o otimismo.