Odebrecht: com risco de calote, Caixa não comenta recuperação judicial
O presidente do banco público, Pedro Guimarães, chegou a receber jornalistas, mas suas assessoria evitou que ele falasse sobre o assunto. Empreiteira deve R$ 7 bilhões ao banco
atualizado
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O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, se envolveu em uma confusão com jornalistas ao sair de uma coletiva de imprensa sem comentar o risco de recuperação judicial da empreiteira Odebrecht. Ao todo, a empresa deve a bancos públicos valor próximo a R$ 20 bilhões. A Caixa é credora de aproximadamente R$ 7 bilhões.
Na tarde desta quarta-feira (05/05/2019), Pedro anunciou medidas de renegociação de dívidas imobiliárias. Questionado sobre o risco da construtora entrar em recuperação judicial – o que comprometeria o pagamento – ele prometeu falar após a gravação das entrevistas.
Ao voltar para a sala de reuniões do 21º andar do prédio central do banco público, no Setor Bancário Sul, em Brasília, sua assessoria de imprensa o retirou do local sem comentar o assunto.
Pedro foi questionado sobre o risco de a Caixa não receber dívidas da empresa. Contudo, ele saiu sem comentar o tema.
Após o imbróglio, a assessoria do banco divulgou uma nota, em que não explica os riscos e o que será feito caso a Odebrecht peça recuperação.
“A Caixa informa que a operação em questão é protegida por sigilo bancário, motivo pelo qual não irá se manifestar”, destaca o texto.
BB preocupado
Mais cedo, o presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, disse que há preocupação na instituição com um eventual pedido de recuperação judicial da empreiteira. Os empréstimos do banco ao grupo somam R$ 9 bilhões.
“Lógico que há preocupação. Os bancos têm um crédito grande, mas, felizmente, estão bem provisionados, em condições de enfrentar qualquer situação. Mas preocupa, sem dúvida”, destacou.
Crise financeira
A saúde financeira da Odebrecht preocupa desde maio, quando a Atvos — segunda maior produtora de etanol do país — entrou com pedido de recuperação judicial. A companhia pertence ao conglomerado.
Além disso, o grupo não conseguiu negociar a venda do controle da Braskem à holandesa LyondellBasell. A Caixa ameaça executar a dívida da Atvos caso não receba em garantia ações da Braskem.