Número de empregos com carteira em 2020 cai à metade após revisão
Em janeiro, o Ministério da Economia divulgou a criação líquida de 142.690 empregos em 2020, mas o montante caiu para 75.883
atualizado
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Após revisões mensais no sistema do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o saldo de vagas com carteira assinada em 2020 caiu pela metade. A mudança nos números confirma o temor de que havia subnotificação de demissões no ano passado, quando a pandemia da Covid-19 chegou e logo se agravou.
Em janeiro, o Ministério da Economia divulgou a criação líquida de 142.690 empregos em 2020, mas o montante já caiu para 75.883 com os dados apresentados pelas empresas ao longo do ano.
Ainda sobre os dados de janeiro, na época, o Caged de 2020 acumulava 15,166 milhões de admissões e 15,023 milhões demissões. Mas 10 meses depois, a quantidade de demissões aumentou para 15,361 milhões, o que representa um reajuste de 2,25%.
Essas revisões são comuns e podem acontecer até 12 meses depois da divulgação dos dados, mas especialistas chocam-se com a disparidade aguda entre as antigas e atuais informações. Os números indicam que uma grande quantidade de empresas atrasou o preenchimento das informações sobre demissões em 2020.
Uma das explicações para isso foi um “apagão” ocorrido no começo do ano passado. Logo após o começo do agravamento da pandemia, em março, a pasta econômica decidiu suspender por tempo indeterminado a divulgação do Caged de janeiro e fevereiro. Com o passar das semanas, os dados de março também caíram.
Na época, o então secretário de Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Dalcolmo, admitiu que havia dificuldade na coleta das informações, uma vez que muitos escritórios e empresas estavam fechados.
Passados alguns meses, a pasta disse que o preenchimento havia voltado ao normal e negou aumento de subnotificações de demissões. Enquanto isso, a taxa de desemprego medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), destoava dos resultados do Caged.
Carteira de trabalhoAs suspeitas incomodaram o governo. No ano passado, o ex-secretário especial de Trabalho e Emprego do Ministério da Economia e atual advogado-geral da União, Bruno Bianco, chamou de “discussão ideológica” os questionamentos. “Uma ou duas pessoas que não se contentam com dados positivos e criam histórias infundadas”, afirmou em julho.