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Natura deve vender participação em marca de “luxo” e focar na Avon

Natura estuda vender uma fatia de 25% da Aesop, marca australiana de cosméticos de maior valor adquirida em 2012, por até R$ 2,6 bilhões

atualizado

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1 de 1 imagem colorida fachada loja natura - Foto: Divulgação/Natura

A Natura decidiu vender uma fatia da Aesop, marca de cosméticos australiana adquirida em 2012. Atualmente, a empresa brasileira é dona de 100% do negócio, e pode se desfazer de até 25% do controle.

O negócio teria dois objetivos: levantar recursos para a Natura e destravar valor para a Aesop, notadamente a empresa de maior crescimento dentro do guarda-chuva do grupo brasileiro. Além da marca australiana, a Natura é dona da The Body Shop e da Avon.

A informação da venda foi divulgada inicialmente pela Bloomberg e confirmada pela Natura na manhã desta quarta-feira (30/11).

“O processo de venda de participação minoritária está em estágio inicial de consultas sigilosas e não há até o momento qualquer definição quanto aos termos e condições de uma potencial transação”, diz a empresa, em comunicado.

Não se sabe ainda como a venda do negócio se concretizará. A fatia na Aesop poderá ser ofertada na Bolsa de Valores, por meio de um processo de abertura de capital – analistas dizem que é mais provável que, caso esse seja o caminho, a operação seja realizada nos Estados Unidos, e não no Brasil.

Outro caminho é fazer uma cisão da empresa e buscar um sócio do mercado financeiro ou da própria concorrência. Segundo a Bloomberg, a fila de interessados pela Aesop teria a gestora de Luxemburgo de fundos CVC Capital Partners e as concorrentes de cosméticos L’Occitane, da França, e a Shiseido, do Japão.

Por que a Natura quer vender a Aesop?

De acordo com cálculos de analistas, a Aesop poderia valer cerca de R$ 8 bilhões. Se vender 25% da empresa, a Natura poderia embolsar até R$ 2,6 bilhões, nas contas do banco Citi.

O valor poderia ser menor, uma vez que um IPO neste momento de mercado em baixa possivelmente faria o mercado avaliar a Aesop (e a própria Natura) por um preço inferior. Além disso, a concorrência poderia aproveitar a situação financeira complicada da Natura para “pechinchar” na negociação.

O “inferno astral” da empresa brasileira se dá por uma combinação de endividamento elevado, em razão da captação que a Natura fez para comprar a Avon, em 2020, e pelo ciclo de baixa no mercado de consumo de cosméticos do Brasil e dos Estados Unidos.

Apesar dos pesares, trata-se de um negócio considerável, uma vez que a própria Natura está avaliada em R$ 15 bilhões na bolsa brasileira. As ações da empresa acumulam perdas de 55% em um ano e têm a pior cotação desde 2016.

A Aesop representa apenas 7% das vendas líquidas da Natura, mas seu impacto no Ebitda, indicador que mede o lucro líquido (lucro antes de impostos e outras amortizações) é bem maior, na ordem de 20%. Segundo analistas do Citi, a marca australiana é o negócio de maior crescimento do grupo.

Faz sentido, portanto, que a Natura use esse potencial para, primeiro, captar recursos e reduzir seu endividamento, e, segundo, angariar receitas para investir nas próprias marcas, como a Avon, e potencializar os ganhos da empresa no médio e longo prazo.

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