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Nas redes sociais, reforma da Previdência provoca polêmica

Especialistas, economistas, políticos, integrantes do governo e, sobretudo, servidores atingidos travam uma guerra sobre a proposta

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Carteira de trabalho
1 de 1 Carteira de trabalho - Foto: Agência Brasil/ Reprodução

O debate da proposta de reforma da Previdência já se transformou numa verdadeira guerra campal nas redes sociais entre os apoiadores e opositores do texto encaminhado na semana passada ao Congresso Nacional. Especialistas em Previdência, economistas, políticos, integrantes do governo e, sobretudo, servidores atingidos pelo texto travam uma guerra para mostrar os prós e contras da proposta, de acordo com o ponto de vista de cada um. O ambiente de polarização lembra o ocorrido nas eleições presidenciais.

O pulso das redes em torno da proposta está sendo monitorado pela Secretaria de Comunicação do governo. Além da tarefa de combater as “fake news” (notícias falsas) e os “mitos” criados em torno da reforma (o principal deles é o de que não há déficit na Previdência), a equipe de governo está analisando o comportamento dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro em relação à reforma. A aposta é que eles deverão ter, assim como aconteceu nas eleições, um papel de pressão importante nos parlamentares que vão votar a proposta de emenda à Constituição (PEC).

No ambiente dos maiores especialistas em Previdência do País, Paulo Tafner, acabou se envolvendo numa polêmica. Ao dar entrevista à TV, Tafner cometeu um ato falho ao comparar a aposentadoria entre empregada doméstica e patroa, e acabou virando alvo da oposição. Ele disse que a empregada se aposenta 10 anos antes do que a patroa, quando queria dizer o contrário.

O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, aproveitou para atacar: “Sincericídio dos apoiadores da Reforma da Previdência: ela vai corrigir a ‘injustiça’ da empregada doméstica se aposentar antes do que a patroa. O cinismo da Casa Grande não tem limites…”, postou Boulos.

O contra-ataque veio do movimento Livres, de orientação liberal, que publicou uma chamada na rede: “Boulos se aproveita de um ato falho do especialista Paulo Tafner. Pelo compromisso com a verdade, nos sentimos na obrigação de esclarecer os fatos. #previdênciajusta”, diz o post do Livres, que afirma que líderes de esquerda tentam impedir a reforma da Previdência com base em informações falsas.

Além do Livres, o esquadrão pró-reforma tem um grupo de economistas que alimenta a rede com informações e gráficos para explicar a importância de cada medida da PEC. Um dos expoentes do grupo é o consultor legislativo do Senado, Pedro Fernando Nery, e o economista Carlos Góes, do Instituto Mercado Popular, que reúne vários pesquisadores.

Muito ativo nas redes, Nery é instado a toda hora pelos seus seguidores a dar explicações técnicas sobre pontos específicos da proposta. Em post neste domingo, 24, escreveu que contribuição do servidor hoje só cobre 15% da despesa. “O resto é a contribuição do Estado e o imposto sobre as grandes pobrezas (déficit)”, postou.

Além da proposta de R$ 400 para os idosos carentes do BPC, a elevação da alíquota da contribuição previdência para até 22% é uma dos pontos mais quentes discutidos nas redes. Os servidores prejudicados têm feito campanha com o argumento de que se trata de “confisco”. Com quase 35 mil seguidores, o procurador da República de Goiás Hélio Telho diz em um post que a medida é uma forma mal disfarçada de reduzir salário e que a Nova Previdência de Bolsonaro é “muito generosa” com policiais e agentes penitenciários.

Uma sequência de postagens (thread, no jargão das redes) do ex-ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, no Twitter, também esquentou o debate. Autor de uma proposta de reforma que não chegou a ser enviada pela ex-presidente Dilma Rousseff, ele postou um “guia” para o debate da reforma mostrando que há três grupos nas redes: contra todas as medidas propostas pelo governo; contra algumas e a favor de outras; e, por último, o grupo a favor da proposta como ela está.

“A maioria dos economistas está no grupo 2, mas os grupos 1 e 3 chamam mais atenção”, escreveu o ex-ministro. Nos posts, Barbosa diz que é favorável à implantação da idade mínima, aumento progressivo das contribuições especialmente sobre altos salários no governo, as reformas do abono salarial e das pensões por morte, alinhamento entre as regras do INSS e dos servidores. Mas se posicionou contra as regras de transição na forma proposta pelo governo, o modelo de reforma do BPC (benefício para idosos de baixa renda), a previsão de que a capitalização substituirá a repartição, a ausência de proposta para o militares e outros pontos.

No ambiente dividido das redes, até mesmo o filho mais polêmico de Bolsonaro, Carlos, entrou na defesa da reforma. “Nenhuma outra proposta de reforma foi tão firme contra privilégios. Está claro no texto da Nova Previdência: quem tem menos, paga menos. É preciso consciência. A mudança é dura, mas necessária”, postou. Já o seu irmão, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), defendeu na rede a inclusão dos guardas municipais no grupo que tem regras especiais de aposentadoria.

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