Na contramão da pandemia, setor de chocolates cresce e fatura mais
Em 2021 foram registradas 2.397 aberturas de empresas. Desafio para 2022 é manter vendas em alta na Páscoa apesar do aumento dos insumos
atualizado
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Ao contrário de muitos negócios que fecharam as portas durante a pandemia, o setor de chocolates cresceu, e muito bem. Levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostra aumento de 57% na abertura de pequenos empreendedores que fabricam produtos derivados de chocolate em 2021 em comparação com 2019.
O faturamento também aumentou. O estudo aponta que 42% dos empreendedores do setor passaram a vender mais em 2020 do que em 2019.
O desafio, agora, é encontrar caminhos para não repassar ao consumidor os aumentos de preços nas matérias-primas e ver as vendas despencarem. Manter a clientela é essencial para os pequenos empreendedores, principalmente na época da Páscoa, melhor data para os derivados do chocolate.
A pesquisa usou dados Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE). Em 2021, foram registradas 2.397 aberturas e 883 encerramentos de empresas. A maioria dos negócios (2.319) foi aberta por microempreendedores individuais (MEIs).
Segundo a analista de competitividade do Sebrae, Mayra Viana, esse crescimento se deve pela facilidade que os pequenos empreendedores têm para entrar no mercado. “Esses empreendedores não enfrentam grandes barreiras de entrada, o que tem levado a um crescimento muito significativo, principalmente na categoria do microempreendedor individual”, afirma.
Alternativas
Economista de formação, Niara Dezotti, 24 anos, decidiu abrir a confeitaria vegana Caféto em março de 2021. Com encomendas feitas pelo Instagram e WhatsApp da confeitaria, ela diz que o aumento do preço dos insumos é perceptível neste ano.
“O chocolate comparado com a Páscoa do ano passado teve um aumento bem significativo, cerca de 30%. O óleo e o açúcar também subiram bastante e isso fez com que eu tivesse que subir os preços proporcionalmente”, disse Niara.
Para tentar atender a todos os públicos, ela lançou uma cartela de produtos com alternativas mais baratas, incluindo então mini-ovinhos de 35g a partir de R$ 13, kits de presentes a partir de R$ 58, brownies, cookies e outras opções para as pessoas que querem gastar um pouco menos.
Criada no início da pandemia, a Personalicakes já vende ovos de chocolate na Páscoa há dois anos. Confeiteira de 22 anos, Érian Ester diz que teve um susto ao se deparar com a diferença de valores dos materiais, principalmente os chocolates, em relação ao ano passado.
“Não tive outra saída a não ser ajustar os preços referente ao ano passado para manter a mesma qualidade”, afirmou. Mesmo assim, ela se diz esperançosa com as vendas neste ano. “Estamos empolgados”, conta. O cardápio de Páscoa da Personalicakes conta alternativas mais baratas, como ovos de colher de 150g a R$ 25 e de 250g, a R$ 55.
Já a confeiteira Raiane Wentz, 25, abriu a confeitaria que leva seu nome em fevereiro de 2021 e começou trabalhando com ovos de colher, mas passou a receber diversos pedidos de ovos mais em conta. “Por isso, desenvolvi um segundo cardápio com ovos mais tradicionais, cascas recheadas e entre outros modelos em pé. Também vamos trabalhar com minitrufas e barras recheadas”, afirma Raiane.
O cardápio alternativo oferece aos clientes produtos como ovos a partir de R$ 5 com bombons dentro, trufados e recheados. “Assim, eu consigo abranger uma gama maior de clientes: os que buscam lembrancinhas mais acessíveis e os que os procuram ovos maiores para se deliciar durante a Páscoa”, diz a confeiteira.
(*) Bernardo Lima é estagiário do Programa Mentor e está sob supervisão da editora Maria Eugênia