Brasil lucra R$ 25 bilhões com comércio exterior em março
No mês passado, a balança comercial registrou um superávit de US$ 4,713 bilhões. O país vendeu US$ 19,239 bilhões para o exterior
atualizado
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A piora do cenário econômico, ocasionada pelo alastramento da crise gerada pela pandemia do coronavírus, não impediu que a balança comercial brasileira registrasse, em março, o seu melhor desempenho dos últimos quatro meses.
Segundo dados do Ministério da Economia, as exportações totalizaram US$ 19,239 bilhões no mês. O resultado foi inferior apenas ao de outubro do ano passado, quando chegou a US$ 19,576 bilhões.
Em março, foi registrado, igualmente, o maior superavit – que é a diferença positiva entre aquilo que foi vendido e comprado do exterior – do ano. O saldo positivo foi de US$ 4,713 bilhões – aproximadamente R$ 25 bilhões. No último mês de 2019, o desempenho foi de US$ 5,946 bilhões. No terceiro mês de 2020, foram importados o equivalente a US$ 14,525.
Alguns fatores influenciaram a evolução das vendas para o exterior no terceiro mês do ano. Um dos principais foi o valor da moeda norte-americana, o dólar, que valorizou exponencialmente sobre o real deixando o produto brasileiro mais competitivo no exterior.
Primeiros meses
Em janeiro, foram exportados US$ 14,5 bilhões ante US$ 16,1 em importações. O saldo ficou negativo em US$ 1,6 bilhão. Na época, a moeda norte-americana estava cotada perto dos R$ 4,1. Em fevereiro, a situação mudou. Cotada na casa dos R$ 4,3, as exportações subiram para US$ 16,3 bilhões e as importações caíram para US$ 13,2 bilhões. O saldo foi positivo em US$ 3 bilhões.
No ano, as exportações totalizam US$ 50,095 bilhões e as importações, US$ 43,96 bilhões, com saldo positivo de US$ 6,135 bilhões e corrente de comércio de US$ 94,055 bilhões
Em março, porém, a moeda bateu os R$ 5. No dia 31, cada dólar valia R$ 5,19. Frente a esse contexto, o professor de economia da Universidade de Brasília (UnB) João Luis Osório destaca um aspecto positivo no superávit do mês.
“É importante para que o Brasil não seja obrigado a gastar ainda mais as suas reservas internacionais neste momento”, declarou o especialista. Uma das estratégias que o Banco Central (BC) adota em épocas de crise cambial é vender reservas de dólar de modo a gerar oferta em busca de estabilizar a cotação da moeda.
Comparação anual
No mês de março, o Brasil exportou US$ 19,239 bilhões, uma queda de 4,7% sobre o mesmo período do ano passado. Enquanto isso, as importações somaram US$ 14,525 bilhões, um recuo de 4,5% na mesma base de comparação.
Apesar da queda, o contexto atual é distinto. Neste ano, o país enfrenta uma crise econômica em função da pandemia de coronavírus – variante que não estava presente no mesmo período no ano anterior. Enquanto no ano passado a economia avançou 1,1%, neste ano há previsões de o Produto Interno Bruto (PIB) recuar mais de 4%.
Na contramão da crise, a desvalorização do real ante o dólar favoreceu a indústria exportadora. Segundo o presidente do Conselho Federal de Economia, Antonio Correa de Lacerda, as importações também foram impactadas por esse movimento – que favoreceu a balança.
“Está tendo um movimento de preços no mercado internacional. O que o Brasil importa está perdendo competitividade. Com o câmbio desvalorizado, dificulta-se as importações”, avaliou o economista.
Segundo os dados do governo, houve queda, em março, nas exportações de produtos básicos (-0,6%) e de manufaturados (-14,9%), enquanto avançaram as vendas externas de semimanufaturados (+6,1%).
Nas importações, recuaram as compras do exterior de combustíveis e lubrificantes (-32,5%) e bens de consumo (-19,3%), ao mesmo tempo em que cresceram as aquisições de bens intermediários (+3,5%) e bens de capital (+2,8%).