Muitos jovens preferem capitalização, diz secretário da Previdência
Leandro Rolim acredita que o Brasil não pode perder mais tempo para mudar as regras da aposentadoria
atualizado
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O secretário da Previdência, Leandro Rolim, avaliou que o Brasil perdeu, ao longo da última década, a oportunidade de fazer uma reforma das aposentadorias que atingisse menos a população brasileira. Ele sustenta que, agora, cada atraso na aprovação das mudanças acarretará em regras de transição mais rápidas – e, portanto, mais duras.
Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o secretário afirmou que a pressão gerada pelo envelhecimento da população se agravou com medidas que ele considera equivocadas, como a aprovação pelo Congresso Nacional da regra 85/95 progressiva em 2015: a mudança facilitou aposentadorias precoces sem a redução de renda prevista pelo fator previdenciário, em um momento em que o governo Dilma Rousseff (PT) tentava fazer um ajuste fiscal.
“Bagunçou toda a lógica do fator previdenciário. Às vezes, a pessoa contribuía um ano e meio a mais e o seu benefício dobrava, em alguns casos. Enquanto, em outros casos, a pessoa contribuía cinco anos a mais usando o fator e ganhava muito menos”, opinou. Para ele, esta nova regra foi o maior erro em termos de políticas públicas da última década.
Hoje, porém, ele acredita que a sociedade como um todo está mais propensa a aceitar novas regras que garantam uma melhora nas contas públicas. Os jovens, na sua avaliação, aceitam melhor as mudanças. “Se você perguntar aos jovens, a maioria prefere a capitalização. Eles conhecem o sistema e a demografia. Querem tirar essa bomba demográfica das costas deles”, avaliou.
O secretário afirmou que o governo tem a clareza de que não há espaço para concessões na proposta. “O ministro Paulo Guedes [Economia] tem enfatizado que não pode ser inferior a R$ 1 trilhão. Dentro da negociação, claro que o Congresso tem autonomia para fazer mudanças, mas a nossa expectativa é que, alguma mudança que o Congresso tenha de fazer, ele faça de forma a não reduzir o impacto fiscal, porque senão as contas públicas não vão ter o resultado que a gente espera”, comentou.