Mudar fórmula do diesel representaria alta de até R$ 0,10 no litro
Setor de óleos vegetais defende que o aumento do biodiesel na fórmula é a medida mais eficaz contra o risco de desabastecimento
atualizado
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O possível desabastecimento de diesel no Brasil obriga o governo federal, o setor de transportes e os produtores a buscarem medidas que evitem a crise. A tendência é de que a mistura de biodiesel na composição seja elevada para diminuir o risco de falha na oferta.
A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) estima que o impacto da mudança da fórmula terá impacto abaixo de R$ 0,10 por litro (a mais) para o consumidor final, ou seja, nas bombas. A informação foi adiantada ao Metrópoles pelo presidente da entidade, André Nassar.
Na prática, em nome do enfrentamento a uma crise potencial – falta do combustível – a ideia é adotar uma medida que impactará diretamente em outra, a do alto preço do diesel no Brasil. Caberá à sociedade, no caso, avaliar a relação custo-benefício da proposta escolhida pelo governo federal.
“Aumentar a mistura de biodiesel é a medida efetiva, de menor custo e de resultado mais rápido possível. O Brasil não tem capacidade de aumentar a produção”, explica Nassar.
Atualmente, o percentual de mistura de biodiesel adicionado ao diesel é de 10%. O setor pressiona o governo federal para que seja autorizado um percentual de 12%. O índice, se houver consenso entre as partes, pode chegar a 15% em 2024.
A Frente Parlamentar Mista do Biodiesel prepara uma nota técnica para pressionar o governo federal a elevar o percentual do produto na mistura de diesel. A Petrobras e a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) têm resistido ao aumento.
A crise começou com a diminuição da compra no exterior devido ao crescimento da demanda internacional e à defasagem do preço do diesel vendido pela Petrobras, que tornou a venda do derivado pouco atrativa.
Buscar o produto no mercado internacional não é uma alternativa viável, já que o preço está alto. “O impacto do diesel importado não é interessante para o preço da bomba”, frisa Nassar.
Organizar a produção
O setor de óleos vegetais tem pressa para que o governo federal decida o que será feito. Parlamentares tentam para a próxima semana uma reunião com o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, a fim de discutir o caso.
“A indústria precisa trabalhar com dois meses de antecedência e de sinalização. Precisamos saber qual é a necessidade de biodiesel para garantir que não haja risco de ter desabastecimento. Isso é para tomar a decisão de exportar a soja em grão ou mandar para a indústria. Produzir o óleo ou não”, conclui Nassar.
Na quarta-feira (1°/6), parlamentares e representantes do setor produtivo de biodiesel se reuniram em Brasília para discutir a situação.
O líder do Governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), disse, durante o encontro, para o setor organizar números que comprovem a eficácia da medida e a sua viabilidade.
Crise no setor
O diesel tem sido pivô de uma longa crise no setor de combustíveis, que tem irritado motoristas autônomos. Além do alto preço, o risco de desabastecimento deixou a categoria em alerta.
Os caminhoneiros dizem que as condições de trabalho estão cada vez piores e uma greve não está descartada.
Na sexta-feira (27/5), a Petrobras confirmou o que as principais entidades que representam o setor afirmam: pode faltar combustível a partir de junho.
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