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MST apela ao mercado financeiro para subsidiar a agricultura familiar

Promotores do fundo pretendem arrecadar R$ 17,5 milhões para cooperativas de assentados. A venda de títulos começa na noite desta terça (27)

atualizado

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Tiago Giannichini/MST
MST Arroz da agricultura familiar no RS
1 de 1 MST Arroz da agricultura familiar no RS - Foto: Tiago Giannichini/MST

O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) busca pequenos e grandes investidores para financiarem assentamentos que praticam a agricultura familiar e orgânica. A venda de títulos começa na noite desta terça-feira (27/7) e visa captar R$ 17,5 milhões por meio da emissão de um produto financeiro chamado Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA).

O dinheiro vai para sete cooperativas de assentados no Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, que produzem leite, milho, arroz, soja, açúcar mascavo e suco de uva.

Em transmissão pelo YouTube, o economista e investidor Eduardo Moreira, representando a plataforma Finapop, explicou que esse investimento não é focado apenas nos ganhos financeiros para quem compra, mas “na vontade de patrocinar mudanças no mundo”.

Participaram da transmissão representantes de algumas das cooperativas, como Cedenir de Oliveira, que vive em um assentamento Filhos de Sepé, no Rio Grande do Sul, onde 375 famílias produzem arroz orgânico em 1.500 hectares.

Essa é a primeira vez que o MST faz uma oferta pública no mercado de capitais, aberta a qualquer tipo de investidor. No ano passado, a entidade buscou R$ 1 milhão, mas apenas investidores mais qualificados puderam investir, pois a cota mínima era de R$ 100 mil. A nova tentativa busca um público mais amplo e, segundo o movimento, mais de 7 mil pessoas havia buscado informações antes do início oficial das vendas.

Agora, qualquer pessoa poderá comprar os títulos a partir de R$ 100. O investimento tem uma remuneração pré-fixada de 5,5% ao ano, que será paga com o lucro da produção das sete cooperativas do MST.

Como funciona?

O Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) é uma modalidade de títulos de renda fixa que financia a produção no campo. Não têm desconto de Imposto de Renda (para pessoas físicas), mas também não tem cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), o que aumenta o risco.

Quem investir no CRA do MST terá de esperar 5 anos para receber de volta todo o investimento e os ganhos, fixados em 5,5% ao ano. A partir de 13 meses, porém, o investidor começa a receber os lucros, que serão depositados ao longo dos 60 meses do contrato. Como o ganho é fixo, o investidor perde a inflação do período.

Os interessados devem reservar os títulos na Terra Investimentos, única corretora em que eles estarão disponíveis. Quem faz a intermediação entre o MST e o mercado financeiro é uma empresa securitizadora, a Gaia Agro, que conseguiu registro para a negociação na B3 (Bolsa de Valores de São Paulo).

O prazo final para investir esse mínimo de R$ 100 é o dia 12 de agosto, mas se o total de R$ 17,5 milhões for alcançado antes, o investimento é fechado. Caso não haja interessados suficientes, todo o dinheiro de quem investiu é devolvido.

A vantagem dessa captação no mercado financeiro, para o MST, é conseguir se financiar pagando taxas bem mais baixas do que aquelas cobradas pelos bancos.

Para os investidores, além dos rendimentos, os títulos podem demonstrar alinhamento com uma tendência atual: o alimento orgânico. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a agricultura familiar é o setor que mais produz alimentos para o consumo da população no Brasil.

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Assentamento no Paraná
Alimentos orgânicos de assentados do MST
Agricultura familiar
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A agricultura familiar

No Brasil, o valor da produção da agricultura familiar chega a R$ 107 bilhões, o que corresponde a 23% de toda produção agropecuária nacional, segundo o Censo Agropecuário de 2017, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

As pequenas propriedades rurais, ainda segundo esse Censo, empregam 10 milhões de pessoas (67% dos ocupados na agricultura). Apesar disso, o setor vem enfrentando sérias dificuldades por causa dos sucessivos cortes orçamentários promovidos pelo governo federal no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), como denuncia nota produzida em maio deste ano por pesquisadores do Núcleo de Estudos de Conjuntura (NEC) da Facamp (Faculdades de Campinas).

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