Mourão não descarta novo contingenciamento de verbas
Vice-presente participou de evento em Santa Catarina e também voltou a defender a reforma política
atualizado
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O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, afirmou, na manhã desta sexta-feira (19/07/2019), que o governo federal, junto à equipe econômica de Paulo Guedes, pode anunciar novo contingenciamento de verbas na próxima semana. O militar, no entanto, não detalhou o valor a ser contido.
Mourão participou de evento em Santa Catarina e deu palestra sobre os planos da gestão Bolsonaro. Ao falar sobre a crise econômica do país atualmente, o vice-presidente afirmou que, por causa do baixo orçamento ante as despesas obrigatórias do Estado, um novo contingenciamento está previsto.
“A quantidade de despesas obrigatórias consome 96% do orçamento. Então, o orçamento deste ano, de um pouco mais de R$ 1,5 trilhão para as despesas discricionárias — ou seja, para a vida vegetativa e para investimentos —, nós só dispomos de R$ 114 bilhões. Desses, R$ 30 bilhões já foram contingenciados e, semana que vem, pode haver novo contingenciamento”, declarou o general reformado.
O primeiro contingenciamento orçamentário, citado por Mourão, superou a cifra de R$ 30,5 bilhões, de acordo com dados do Sistema Integrado da Administração Financeira (Siafi), órgão ligado ao Tesouro Nacional.
À época do contingenciamento, o Ministério da Educação, comandado por Abraham Weintraub, foi o mais afetado. A pasta sofreu bloqueio em termos absolutos de R$ 5,8 bilhões. A medida não foi recebida bem por parte da população e pautou ao menos duas grandes manifestações.
O vice-presidente afirmou que o país não pode ficar olhando para trás, mas que é preciso entender o motivo da crise econômica. “Começa na Constituição de 1988, que criou uma séria de despesas e, 30 anos depois, o modelo se esgotou”, explicou Mourão.
Crise política
Durante a palestra, Mourão voltou a defender a reforma política. O vice-presidente acredita que os partidos deixaram de representar o pensamento da população e, por isso, era preciso estabelecer um novo sistema. Esta é a segunda vez nesta semana que Mourão defende as mudanças em público.
“Precisamos reconstruir o nosso sistema político-partidário, de modo que os partidos representem os pensamentos da sociedade e os nossos políticos sejam sempre respeitados pelo trabalho que fazem em prol da população e, principalmente, daqueles que os elegeram”, afirmou o vice.
Atualmente, existem 36 legendas registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Dessas, 26 têm alguma representatividade na Câmara dos Deputados. Para Mourão, a divisão é grande e não consegue mais traduzir o significado da palavra “partido”. “Muitos trocaram de nome, como o Avante, DEM, MDB, Podemos, Solidariedade”, exemplificou.
O vice afirmou ainda que o mundo atual vive uma crise da democracia liberal. Isso, segundo ele, provoca a “eterna esperança de que surja um salvador da pátria”, que “resolva os nossos problemas”. “A democracia venceu o imperialismo na Primeira Guerra, o nazifacismo, na Segunda, e venceu o comunismo. Ela vai ser a fonte das soluções para os problemas que estamos enfrentado”, completou.
Clima com os filhos do presidente
Durante a palestra, o vice-presidente disse que o Código Morse é coisa do passado. Carluxo, como é chamado o “filho 02” de Bolsonaro, recentemente usou da linguagem citada por Mourão para criticar a oposição, especialmente o PT e o PSol.
Em outra crítica indireta a um dos filhos do presidente, Mourão evidenciou a importância do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) no combate à corrupção. O público logo aplaudiu.
No início da semana, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, atendeu aos pedidos do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e suspendeu as investigações dos processos judiciais que usaram dados bancários de pessoas investigadas compartilhados por órgãos de controle sem autorização da Justiça, como o Coaf.