Motoristas e faxineiros foram profissionais que mais morreram em 2021
Dentre as 20 ocupações que mais tiveram contratos desligados por morte, 14 têm o trabalho presencial como principal modelo de negócio
atualizado
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Com o avanço do contágio pela variante da Covid-19 Ômicron e o começo da falta de leitos médicos para atender os pacientes no país, a eventual paralisação de serviços não essenciais volta a ser discutida como possível solução para impedir um novo colapso do sistema de saúde.
Alguns profissionais, entretanto, não podem se dar ao luxo do lockdown. Expostos à doença, motoristas de caminhão (5.960 vítimas), porteiros de edifícios (3.185 vítimas) e faxineiros (4.697 vítimas) foram os trabalhadores formais que mais morreram em 2021.
Em comum, todos têm o contato direto com o público. Aliás, dentre as 20 ocupações que mais tiveram contratos desligados no ano passado por morte, 14 têm o trabalho presencial como principal modelo de negócio. As informações constam de um levantamento feito pelo Ministério do Trabalho e Previdência a pedido do Metrópoles.
Na lista, aparecem ainda vigilantes (2.447 vítimas), serventes de obras (1.750 vítimas), motoristas de ônibus (1.458) e vigias (1.328) como os profissionais que mais morreram em 2021.
Na via contrária, enquanto 5960 caminhoneiros vieram a óbito no ano passado, o levantamento revela que nenhum psicólogo, diretor de marketing ou corretor de seguros teve contrato encerrado por morte. As profissões adotaram, em sua maioria, o home office durante a pandemia, em razão da facilidade de migrar o trabalho para o ambiente virtual.
Os desligamentos no mercado de trabalho formal por morte cresceram 52,56% em 2021 na comparação com 2020. Os picos foram observados nos meses de março (12.458), abril (13.490), maio (12.187) e junho (12324). O mês com menos mortes foi novembro, quando 5.239 contratos foram encerrados por esse motivo.
Os dados coincidem com as altas de mortes por Covid-19 no país. Abril, por exemplo, quando houve o maior número de desligamentos por óbitos, também foi o período em que o Brasil perdeu mais pessoas para a doença; ao todo, 82.266 morreram em decorrência do coronavírus.
No período, o país ainda começava a colocar em prática o plano nacional de imunização, com a vacina sendo destinada apenas a idosos, profissionais da saúde, entre outros grupos restritos.
Por outro lado, em novembro, quando 73,1% da população acima de 12 anos estava totalmente imunizada contra o vírus, o número de desligamentos por morte caiu para 6.857, atingindo a menor taxa. Na época, o número de imunizados correspondia a 133.784.419 dos quase 182 milhões de brasileiros, nesta faixa etária, com o ciclo vacinal completo.