Ministro diz que pedidos a vice da Caixa foram no “âmbito funcional”
Investigação independente apontou que Roberto Derziê pode ter passado informações sobre operações do banco a Moreira Franco e Michel Temer
atualizado
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O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, afirmou nesta quarta-feira (17/1) que quaisquer pedidos feitos por ele a Roberto Derziê Sant’Anna, um dos vice-presidentes afastados da Caixa, “sempre estiveram no âmbito funcional”. Uma investigação independente contratada pela instituição financeira encontrou indícios de que Derziê teria fornecido informações privilegiadas sobre operações do banco ao presidente Michel Temer e a Moreira Franco.
“O que eu li nos jornais é que eu teria feito solicitação ao vice-presidente Derziê. Eu sempre tive com ele uma relação de natureza funcional. Qualquer solicitação, pergunta, indagação sempre estiveram no âmbito funcional”, afirmou o ministro, após participar de visita às obras do Sistema Produtor de Água Corumbá, em Valparaíso (GO).
Das 12 vice-presidências da Caixa, 11 são ocupadas por indicados de sete partidos. Conforme a auditoria externa, a disputa por cargos se alastrava para outras áreas do banco, como diretorias e superintendências.
Com a denúncia, o Palácio do Planalto deve fazer mudanças na estrutura da instituição. Segundo informações do jornal O Globo, a prerrogativa para escolha dos vices deixará de ser do presidente da República e ficará a cargo do Conselho de Administração da Caixa.
Segundo fontes ouvidas pela publicação, a alteração na norma deve ocorrer já nesta sexta-feira (19/1). A indicação para a presidência do banco, no entanto, continuará como prerrogativa do chefe do Executivo. As mudanças ocorrem depois que o presidente Michel Temer decidiu ceder à recomendação do MPF e afastou quatro vice-presidentes da estatal.
De acordo com o documento do Ministério Público Federal, a medida leva em conta irregularidades encontradas na gestão do banco durante a realização das operações Greenfield, Patmos, Sépsis e Cui Bono?, todas da Polícia Federal.
As investigações também detectaram a influência do ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ), hoje preso, nas atividades da Caixa. Para tentar barrar a interferência política, a averiguação faz uma série de recomendações para a adoção de mecanismos de controle, que vão desde a indicação técnica dos vice-presidentes e diretores-executivos até o registro mais fiel de visitas de parlamentares a integrantes da cúpula.