Medida provisória para privatização da Eletrobras já soma 570 emendas
“Provavelmente o texto votado será muito diferente do enviado pelo Executivo”, lamenta ex-secretário de Desestatização Salim Mattar
atualizado
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A medida provisória que prevê a desestatização da Eletrobras nem bem chegou ao Congresso e já recebeu 570 emendas, apresentadas por deputados e senadores que querem alterar o texto apresentado pelo governo. Esse número, alcançado seis dias depois de a MP ter sido protocolada, é um indicativo de que o Planalto deve enfrentar dificuldades para aprovar a venda da estatal.
A decisão de apresentar uma MP surgiu em meio às críticas de que o governo teria abandonado a agenda liberal após intervir na Petrobras. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), acompanhado pelos ministros Paulo Guedes (Economia), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Bento Albuquerque (Minas e Energia), foi pessoalmente ao Congresso na última terça-feira (23/2) para entregar aos dirigentes do Senado e da Câmara a proposta.
A quantidade de emendas chamou a atenção do ex-secretário de Desestatização do governo Bolsonaro Salim Mattar, que desabafou em seu Twitter. “Não tem como dar certo. Medida provisória de desestatização da Eletrobras já recebeu 570 emendas de deputados e senadores. Provavelmente o texto votado será muito diferente do enviado pelo Executivo”, lamentou.
No Congresso, tramita um projeto de privatização da estatal, mas o texto não avança desde 2019. Ao apresentar a MP, o governo Bolsonaro repete o que o ex-presidente Michel Temer (MDB) também tentou fazer, mas sem sucesso.
Essas votações enfrentam o lobby de servidores públicos e também da oposição, que é contrária à venda de empresas públicas.
A capitalização da empresa pode significar a primeira das grandes privatizações que o governo defende. O ministro Paulo Guedes conta com isso para ajudar na retomada da economia.