Maria Silvia Bastos, presidente do BNDES, pede demissão do cargo
Executiva alegou motivos pessoais para saída da instituição. Banco é investigado por fraudes em empréstimos no caso da JBS na Lava Jato
atualizado
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A presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Maria Silvia Bastos, pediu demissão do cargo na tarde desta sexta-feira (26/5). A economista ocupava a presidência da instituição desde maio do ano passado, quando foi indicada pelo então presidente interino Michel Temer. Ela alegou motivos particulares e comunicou a decisão pessoalmente ao peemedebista.
Maria Silvia já teve outra passagem pelo banco, durante o governo de Fernando Collor de Mello, quando foi a primeira mulher a assumir uma diretoria da instituição e atuou nos projetos de privatização de empresas estatais como Embraer, CSN e Usiminas (1991-1992). Na época, coordenou a regulamentação que permitiu o uso de “moedas podres” (títulos da dívida pública sem liquidez) como parte do pagamento da compra de estatais.
A auditoria do TCU diz que os atos dos então dirigentes do BNDES atentaram contra regras do próprio banco e “os princípios constitucionais da moralidade, da impessoalidade e da eficiência”. Foi constatado que o BNDESPar pagou ágio de R$ 0,50 para cada uma das cerca de 139 milhões de ações, o que resultou em prejuízo de R$ 69,7 milhões.
De acordo com o documento, não cabia o pagamento do prêmio, pois não havia “quaisquer razões de cunho mercadológico” que justificassem “oferecer valor maior que o preço justo” para a transação.
As acusações geraram mal-estar dentro do banco. A AFBNDES, associação dos funcionários do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), rebateu o envolvimento de técnicos da instituição de fomento em irregularidades nas operações com o frigorífico JBS.
Em editorial publicado nesta quinta-feira (25/5), em seu jornal interno, a associação alega que as operações com compras de ação não envolvem garantias, como ocorre com empréstimos. Mesmo no caso da compra de títulos de dívida, a associação diz que as debêntures eram conversíveis em ações, ou seja, “a ‘garantia’ estava dada”.
A AFBNDES também questionou o método de investigação. Segundo a instituição, faria sentido mirar em investigados com poder de decisão. “Uma investigação criminal não deveria começar com os que assinaram a Ata de Diretoria e não, como está ocorrendo, com os que assinaram relatórios de análise e notas técnicas?”, questiona.
O BNDES informou que o diretor Ricardo Ramos, funcionário de carreira do banco, responderá interinamente pela presidência da instituição.
Governo
Menos de meia hora depois de informar oficialmente que não se manifestaria sobre o pedido de demissão de Maria Silvia Bastos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República divulgou uma nota para destacar que o presidente Michel Temer, agradece o empenho da executiva frente ao banco de fomento.
“O presidente da República, Michel Temer, manifesta seu profundo agradecimento a Maria Silvia Bastos Marques, que presidiu o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social de forma honesta, competente e séria por pouco mais de um ano”, diz o texto.