Lula defende imprimir dinheiro para solucionar crise da Covid-19
“A vida do ser humano não tem preço”, avaliou o ex-presidente petista. Ele avalia que não há risco de inflação porque “não existe demanda”
atualizado
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu, nesta quarta-feira (29/04), que o Banco Central (BC) imprima dinheiro durante a crise do novo coronavírus.
“Sou favorável que o Brasil possa rodar dinheiro, aumentar a massa monetária do país para que as pessoas tenham como sobreviver”, disse, em entrevista à rádio Tupi, do Rio de Janeiro.
A intenção, segundo ele, é dar às pessoas a oportunidade de ter dinheiro para ficar em casa durante a pandemia do novo coronavírus.
“A vida do ser humano não tem preço”, complementou o petista.
Assista, a seguir, a íntegra da entrevista, que foi compartilhada no perfil oficial do ex-presidente Lula:
Rádio Tupi, do Rio de Janeiro, entrevista Lula; acompanhe! https://t.co/wr14zeOWyU
— Lula (@LulaOficial) April 29, 2020
Inflação
O aumento do poder de compra costuma gerar, como efeito colateral, um aumento na inflação do país, que é medida pelo IPCA.
O ex-presidente argumentou, contudo, que não existiria risco de inflação com a medida “porque não tem demanda”, ou seja, as pessoas não estão atrás de consumir.
A inflação registrada nos meses de janeiro e março foi baixíssima, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em março, o aumento de preços foi de apenas 0,07% – o menor de todo o Plano Real, iniciado em 1994.
A previsão do mercado financeiro, inclusive, é que o IPCA feche o ano em 2,2%, abaixo do centro da meta do governo federal, de 3,5%.
Outras versões
Esta não é a primeira vez que o ex-presidente se posiciona a favor da impressão de moeda nova durante a crise do novo coronavírus.
Em transmissão ao vivo nas redes sociais no último dia 15, Lula afirmou que é preciso ter dinheiro não somente para ficar em casa, mas “para fazer investimentos”.
A medida é defendida também pelo secretário de Fazenda de São Paulo, Henrique Meirelles, que foi presidente do BC durante o governo petista.
Roberto Campos Neto, atual presidente da autarquia, se mostrou, porém, contrário a impressão de dinheiro. Segundo ele, não é a melhor saída para a crise.
“Se temos um sistema de meta de inflação que tem assimetrias, se imaginar que, quando se está embaixo, vai imprimir dinheiro para atingir a meta, vai fazer com que o equilíbrio de juros neutros seja um pouco mais alto”, contra-argumentou, em entrevista ao portal UOL.