metropoles.com

“Lockdown é necessário”, diz Marcelo Pimentel, CEO das Lojas Marisa

Demora em controlar pandemia faz varejistas estimarem novos prejuízos e grupo cobra ações do governo

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Rafaela Felicciano/Metrópoles
Pessoas caminham em centro comercial
1 de 1 Pessoas caminham em centro comercial - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A pandemia da Covid-19 provocou mudanças significativas no varejo de vestuário. Entre elas, o aumento das vendas on-line. As adaptações, entretanto, não foram suficientes para conter o prejuízo. A crise econômica atingiu em cheio gigantes do setor como Riachuelo, Lojas Marisa e C&A, que registraram quedas significativas de receita no último ano.

Ao todo, o varejo de moda fechou 42.091 postos de trabalho em 2020, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Para especialistas, os números tendem a piorar devido à demora do país na imunização contra a Covid-19, única medida que pode ajudar na retomada da atividade econômica.

A última pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada na semana passada, captou o desalento. Os empresários se disseram cada vez menos otimistas com o aquecimento da economia.

“As dificuldades do governo em acelerar a vacinação em massa e a saturação do sistema de saúde trouxeram de volta as medidas de isolamento social. Como consequência, a retomada da economia, que já dava sinais de arrefecimento no início do ano, será substituída por uma nova queda da atividade nos meses de março e abril”, resumiu a entidade. 

Não é exagero. A Guararapes Confecções, dona da Riachuelo, registrou em 2020 prejuízo de R$ 27,154 milhões, revertendo o lucro de R$ 592,6 milhões de 2019. A pandemia também afetou a C&A. A empresa encerrou o ano passado com prejuízo de R$ 166,3 milhões, contra um lucro de R$ 9,72 milhões em 2019. Os resultados não foram melhores para a Lojas Marisa. No quarto trimestre do ano passado, o prejuízo foi de R$ 28,9 milhões, revertendo um lucro de R$ 34,2 milhões um ano antes. 

O CEO da Marisa, Marcelo Pimentel, disse ao Metrópoles que a empresa vem investindo em novas ferramentas para o canal de vendas digital como forma de driblar a crise econômica do país. “Focamos em reforçar nossa operação on-line. Em 2020, com um consistente trabalho da companhia, o digital cresceu 63,9%, representando 9,2% das vendas de varejo”, afirmou o executivo.

marcelo pimentel CEO da marisa

“Também consolidamos o Ship From Store (logística que envia os produtos a partir de cada loja sem passar pelo Centro de Distribuição), que tem dado uma nova tração ao e-commerce da empresa. A operação tem participação de 16% da venda total digital em 2020”, complementou. 

A Marisa também lançou uma nova versão do seu aplicativo e, com isso, conseguiu aumentar em 109% o número de downloads. “Hoje, o app já conta com mais de 4 milhões de downloads e representa mais de 40% do share das vendas digitais”, revelou o executivo. 

Pimentel afirmou não enxergar a política de lockdown, adotada por várias cidades do país para tentar controlar a pandemia, como uma vilã, mas sim algo “necessário para o combate ao novo coronavírus” e afirma que as medidas impostas pelas instituições ligadas à saúde, governos e municípios são seguidas à risca pela empresa. 

Sobre a possibilidade de comprar imunizantes para vacinar seus funcionários, o CEO comentou que está observando as próximas determinações do governo. “Essa é uma questão ainda em discussão na esfera pública, que vamos acompanhar de perto. Temos um compromisso com nossos colaboradores e as nossas clientes e, com mais clareza, faremos uma avaliação e seguiremos com o que for melhor para a sociedade”, afirmou. 

Na última semana, a Justiça Federal do DF derrubou uma lei que obrigava as empresas privadas a doarem ao Sistema Único de Saúde (SUS) 100% das doses adquiridas enquanto todos os grupos prioritários não fossem vacinados. A medida ainda pode ser revertida, mas enquanto perdurar abre caminho para o acesso as empresas comprarem imunizantes.   

O Metrópoles procurou os CEOs da Riachuelo e C&A, mas não houve retorno. 

O consumo digital

Uma pesquisa feita pela IEMI Inteligência de Mercado sobre o comportamento consumidor pós-pandêmico apontou que 40% dos entrevistados afirmaram que preferem realizar compras pela internet. O e-commerce para o setor de vestuários já vinha crescendo antes mesmo do isolamento social. Em 2019, o segmento faturou R$ 4 bilhões de reais, mas ainda perdia consideravelmente para o varejo físico, que faturou R$ 227,3 bilhões, segundo o estudo. 

Para o consultor de varejo, Alexandre Machado, o setor não estava preparado para o universo virtual. “O segmento de vestuário ficou sempre entre os últimos. Agora em 2020, perdeu apenas para turismo, bares e restaurantes em prejuízo. Isso aconteceu porque o varejo não estava preparado para o formato on-line com tanta força”, disse. “As medidas para conter o avanço da pandemia também fizeram as lojas proibirem o uso de provadores. Como comprar uma roupa sem experimentá-la? Isso comprometeu muito”, complementou. 

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, acrescentou que com o fim do auxílio emergencial, cerca de 22 mil estabelecimentos de vestuários e calçados foram fechados. “O on-line ainda não é predominante no nosso setor e representa apenas 5% dele”, disse ao Metrópoles

Segundo ele, a demora do governo em retomar medidas para ajudar na crise econômica provocada pela pandemia impacta todo o segmento. “Precisamos do retorno do auxílio emergencial, que deu uma injeção de recursos para as pessoas poderem comprar roupas e calçados, mas também de uma retomada de outros programas, como o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEM)”, afirmou.  

No começo do mês, o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou o retorno do BEM, mas a forma como o programa será financiado acabou gerando discussões e empacou a medida. “Conseguimos não só não perder nenhum emprego, como gerar 140 mil novos empregos. Vamos renovar esse programa”, disse Guedes. De acordo com o ministro, o programa foi um dos mais bem-sucedidos do enfrentamento à pandemia de Covid-19 e evitou a demissão de milhões de trabalhadores.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?