Juros fecham em baixa com queda do dólar e expectativa com Previdência
A percepção dos analistas é que o mercado “exagerou” nas preocupações que a crise entre Bebianno e Bolsonaro pudesse interferir na reforma
atualizado
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Os juros futuros fecharam em queda nos principais contratos nesta terça-feira (19/2) devolvendo a alta de segunda-feira (18), num dia bastante favorável a moedas de economias emergentes, incluindo o real, e de expectativa positiva sobre a reforma da Previdência. O texto será apresentado pelo presidente Jair Bolsonaro nesta quarta-feira (20) ao Congresso e a previsão é de que a economia no período entre 10 e 15 anos possa atingir R$ 1,1 trilhão. A liquidez, porém, esteve abaixo do padrão, mas melhor do que segunda.
No fim da sessão regular, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 estava na mínima de 6,3800%, ante 6,395% na segunda no ajuste. A taxa do DI para janeiro de 2021 caiu de 7,001% para 6,99% e a do DI para janeiro de 2023 encerrou a 8,06%, de 8,122%. O DI para janeiro de 2025 fechou com a taxa na mínima, a 8,56%, de 8,662%.
A percepção dos analistas é de que o mercado “exagerou” na segunda-feira nas preocupações de que a demissão de Gustavo Bebianno, agora ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, pudessem interferir na tramitação da reforma. Gustav Gorski, economista da GAP Economics, afirma que o mercado percebeu que Bebianno era uma figura mais “ilustrativa” no governo. “Bolsonaro é muito mais importante dentro do PSL, que, por sua vez, é mais uma legenda do que um partido. O governo bateu cabeça, é verdade, mas bola para frente. Os rumores são de que proposta de amanhã (quarta) é muito forte”, disse.
A divulgação de áudios que mostram confronto de versões entre Bebianno e Bolsonaro sobre conversas não fez preço nas taxas, em função da leitura de que “não têm nada de comprometedor” contra o presidente.
Além da expectativa com a Previdência, a ideia de que não há espaço para aumento da Selic no horizonte relevante da política monetária vai se consolidando no mercado e ganhou destaque na reunião dos analistas com os diretores do Banco Central em São Paulo. Mais do que isso, vem crescendo a corrente dos que acreditam em retomada dos cortes da taxa básica, sobretudo em função da fraqueza da atividade. O resultado da arrecadação em janeiro foi mais um indicativo de que a economia reage de maneira lenta. A arrecadação caiu, em termos reais, pelo terceiro mês consecutivo em janeiro, somando R$ 160,426 bilhões em janeiro, um recuo real de 0,66%.
O câmbio também colaborou para o fechamento das taxas, com o dólar ante o real retornando ao patamar de R$ 3,70 – às 16h33 estava em R$ 3,7091 (-0,69%) no segmento à vista. Além de as questões domésticas estarem ajudando o real, o dólar está em queda generalizada no mundo, reforçada pela informação de que os Estados Unidos irão pressionar a China pela estabilidade do yuan na retomada das negociações comerciais nesta semana em Washington. De acordo com fontes, os EUA ameaçariam impor mais tarifas à China caso o país asiático violasse a promessa em relação à moeda chinesa.