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Juros do cartão superam os do cheque especial. Hora de renegociar

Juros médios do cheque especial ficou em 302,5% ao ano em 2019. Rotativo do cartão de crédito fechou em 318,9% a.a.

atualizado

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Impostos já podem ser pagos no cartão
1 de 1 Impostos já podem ser pagos no cartão - Foto: Michael Melo/Metrópoles

A taxa de juros médios do cartão de crédito rotativo cresceu 33,5 pontos percentuais em 2019 e passou a ocupar a posição do cheque especial, considerado até então o maior dos “vilões” das linhas de crédito.

Dados divulgados pelo Banco Central (BC) na última quinta-feira (30/01/2020) mostram que a taxa de juros médios anual do rotativo começou 2019 em 285,4% e fechou em 318,9% ao ano.

O rotativo é oferecido quando o consumidor não faz o pagamento total da fatura do cartão de crédito até o vencimento.

Em situação semelhante, a taxa cobrada no rotativo não regular, quando os clientes não pagam ou atrasam o mínimo da fatura, chegou a 339,6%.

Ao contrário do que ocorreu com o rotativo, o juros do cheque especial caiu 10,1 pontos percentuais em 2019, e chegou a 302,5% ao ano.

A porcentagem do cheque especial deve cair ainda mais neste ano com a resolução do Banco Central que limitou em 8% ao mês (cerca de 150% ao ano) a taxa de juros da modalidade.

Últimas opções
Com a situação, especialistas apontam que, apesar da “troca de posições” entre o cheque especial e o rotativo do cartão, é preciso antes buscar outras fontes de crédito caso o consumidor não consiga pagar o valor total da fatura ou reverter o saldo negativo na conta.

“A nossa recomendação é: se não tiver como sair rápido de uma dívida, não se deve fazer nenhum dos dois. Mas, sim, pegar um empréstimo, que tem uma taxa muito menor”, recomenda Júlio Duran, diretor de produto do aplicativo de gestão financeira Guiabolso.

Contudo, se for para escolher entre as duas opções, o cheque especial sai – na maioria das vezes – na frente.

Isso porque a taxa de juros dessas modalidades depende, na realidade, da relação do cliente com o banco, como explica Ricardo Hiraki Maila, consultor financeiro da Plano, consultoria de finanças pessoais.

“Essa pesquisa pega a média de mercado. A pessoa vai ter uma realidade diferente em relação ao banco dela. Então, pode ser que o [rotativo do] cartão fique um pouco mais barato, dependendo”, explica.

Simulação
Em uma situação hipotética, o usuário deve R$ 1 mil. Considerando as taxas de juros médios do cheque especial e do rotativo não regular do cartão de crédito, ele vai mais que quadruplicar a dívida.

  • Rotativo não regular: taxa de 339,6% a.a.. Após o período de um ano, passa a ficar devendo algo próximo a R$ 4,4 mil.
  • Cheque especial: taxa de 302% a.a.. Após um ano, vai dever R$ 4,02 mil.

“Qualquer uma das duas opções devem ser usadas em situações de curto prazo. Não faz sentido alguém usar ambas mais do que três ou quatro meses”, prossegue Ricardo Hiraki Maila.

Cartão de crédito é bom
Mesmo com a taxa de juros altíssima do rotativo, o uso do cartão de crédito pode ser feito de maneira saudável, sem prejudicar a vida financeira do consumidor.

“O cartão de crédito, se bem usado, é uma ferramenta que ajuda. Pode-se usar para fazer as despesas do dia a dia e, quando vencer a fatura, se paga. E não está se pagando juros nenhum”, destaca Duran, do Guiabolso.

Pesquisa do SPC Brasil e da CNDL divulgada na última sexta-feira (31/01/2020) aponta que o cartão de crédito foi a modalidade mais usada em novembro, com adesão de 37% das pessoas.

O levantamento mostra, ainda, que um quarto (23%) dos usuários de cartão de crédito caiu no rotativo naquele mês.

A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, explica que é preciso estar atento se o pagamento dessas parcelas não comprometerá a renda.

“Com a facilidade do parcelamento via cartão, corre-se o risco de exagerar nas compras por impulso ou sem planejamento e ter de arcar com altos juros”, diz a especialista.

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