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Informais e pessoas que desistiram de procurar emprego freiam economia

Brasil tem 23,9 milhões de autônomos e 4,7 milhões de cidadãos que abriram mão de conquistar uma colocação. Cenário preocupa economistas

atualizado

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1 de 1 Rodo3 - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Sinais de enfraquecimento da economia têm preocupado especialistas e afetado duramente o cotidiano do brasileiro. Indício de que, em termos de finanças, as coisas não vão bem é o aumento de autônomos – pessoas que trabalham por conta própria – e dos chamados desalentados – quem desistiu de procurar trabalho após sucessivas tentativas malsucedidas.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam um início de 2019 delicado. Os trabalhadores por conta própria formam um contingente de 23,9 milhões de brasileiros – 3,1% a mais do que o registrado no trimestre encerrado em janeiro de 2018. Na prática, 719 mil pessoas deixaram de ter carteira assinada no país. Assim, há mais ambulantes, vendedores de marmitas e itens em geral nas ruas das cidades brasileiras.

O aumento dos desalentados é ainda mais preocupante. No mesmo período, esse grupo cresceu 6,7%. São 4,7 milhões de brasileiros que procuraram, não encontraram e desistiram de conquistar um posto de trabalho.

Os números podem parecer sazonais, já que nesta época do ano os contratos temporários do Natal são desmanchados. Contudo, a comparação anual mostra um movimento de alta preocupante. “Temos uma desocupação maior, que não havia sido observada no ano anterior. O emprego está perdendo força”, pondera o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Simar Azeredo.

Ele destaca a desaceleração de setores como indústria, construção e agricultura neste começo de ano. “A desocupação está estável, mas os outros elementos estão em alta. O histórico mostra a fraqueza do mercado, que não gera postos, que se volta para a informalidade, que o trabalho formal está em queda e há setores abalados”, acrescenta.

Aumento de salário não significa melhoria
Nem mesmo o crescimento da renda, que momentaneamente pode parecer positivo, traz uma boa perspectiva. Segundo o IBGE, o rendimento médio real habitualmente registrado em todos os trabalhos pelas pessoas ocupadas aumentou 1,4%, na comparação dos dois últimos trimestres.

O vencimento médio engordou R$ 30, passando de R$ 2.240, entre agosto e outubro de 2018, para R$ 2.270 no período que vai de novembro do ano passado a janeiro de 2019. A massa de rendimento real habitual total, que é a soma dos salários, ficou em R$ 205 bilhões.

Azeredo explica que o crescimento médio está ligado ao reajuste do salário mínimo e às mudanças no mercado de trabalho. “A saída de gente que ganha pouco impacta nisso. Por exemplo, quando três pessoas ganham salário mínimo e outras 110, acima de R$ 5 mil: se quem ganha o piso deixa a empresa, aumenta a média de rendimento, mas não os ganhos”, detalha.

Dados preocupantes a longo prazo
Paulo Dantas da Costa, ex-presidente do Conselho Federal de Economia, avalia os dados com ressalvas. Para ele, o trabalho informal é uma tentativa desesperada do trabalhador de manter as finanças sob controle. Contudo, as condições dessas ocupações devem ser observadas, pois, comumente, o trabalho informal tem maior carga horária e rendimentos mais baixos.

O trabalho informal tem todas as características que não colaboram para os interesses e o desenvolvimento da economia. Porém, após a recessão que o país viveu, não é de todo mau. Não deixa de ser um trabalho que gera renda

Economista Paulo Dantas da Costa

O crescimento no total de desalentados, por outro lado, preocupa o especialista. “Mesmo modestamente, a economia tem dado algum tipo de desempenho. O aumento dos desalentados vai na contramão do cenário. Essa é aquela pessoa que desistiu da atividade econômica para encontrar sua forma de sobrevivência, o que aumenta a desigualdade social e a pobreza”, pondera.

Na semana passada, a equipe liderada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, apresentou o projeto de reforma da Previdência do governo Bolsonaro (PSL). O texto encaminhado ao Congresso Nacional para apreciação tem como principal bandeira conseguir a economia de R$ 1,1 trilhão em 10 anos, o que possibilitaria a criação de 8 milhões de vagas de trabalho. Essa seria a melhor forma de estimular a geração de emprego e reaquecer a economia, segundo o governo federal.

Para entender
Veja as diferenças dos trabalhos formal e informal

  • Trabalho formal: é aquele com benefícios e carteira profissional assinada. Consiste em posto oferecido por uma empresa, com todos os direitos trabalhistas garantidos. Neste caso, o salário é fixo, por exemplo.
  • Trabalho informal ou autônomo: é o trabalho sem vínculos ou benefícios fornecidos por um empregador, sem carteira assinada, renda fixa e férias pagas. Benefícios como 13º salário, hora extra remunerada e recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) não são garantidos.

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