Inflação está maior para famílias de renda mais baixa. Veja como economizar
Planejadora financeira elaborou seis passos para as pessoas seguirem ao fazer as compras rotineiras no mercado
atualizado
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Com a crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus, a inflação do país tem registrado índices negativos – em maio, o IPCA foi de -0,38% –, à exceção de alguns itens, como o grupo alimentação e bebidas.
No ano, os preços dos alimentos cresceram em média 3,7%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Cebola (93%), cenoura (67%) e batata-inglesa (65%), por exemplo, acumulam aumentos superlativos.
Um dos motivos (assim como eventuais problemas em safras pontuais)? A alta procura de alimentos por causa da pandemia, além do isolamento social, uma vez que, embora mercados tenham permanecido abertos, restaurantes fecharam.
Levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) apontou, no entanto, que essa inflação tem sido maior para famílias de baixa renda (até R$ 1.534) do que para as de alta renda (acima de R$ 15.345).
No acumulado de janeiro a maio deste ano, a inflação dos alimentos é 1 ponto percentual maior para os mais pobres (4,4%) do que para os mais ricos (3,4%).
Na prática, isso quer dizer que famílias de baixa renda estão sofrendo mais para comprar os alimentos, uma vez que o grupo “alimentação e bebidas” tem um peso maior para essas pessoas – elas não foram muito recompensadas, por exemplo, com a queda nos preços das passagens aéreas.
“O efeito dessa alta de preços dos alimentos acaba impactando especialmente as famílias mais pobres”, analisa a pesquisadora Maria Andréia Parente, uma das autoras do levantamento do Ipea, em conversa com o Metrópoles.
Como fazer compras
Sobretudo com o crescimento da inflação no grupo alimentação e bebidas somado à alta no desemprego, ou uma perda de renda, é importante que o consumidor se atente a algumas recomendações ao fazer compras.
A planejadora financeira CFP pela Planejar, Viviane Ferreira, elaborou, a pedido do Metrópoles, seis passos que as pessoas devem fazer ao ir no mercado para “não gastar demais”. Confira:
- Faça uma lista. A primeira dica (básica, mas necessária) é olhar o que tem em casa e listar os alimentos e produtos que realmente precisa comprar. “Planejar de uma forma pensada, estratégica, o que vai consumir durante a semana”, diz.
- Corte o desnecessário. Apesar de ser considerado essencial, existem alimentos que podem ser cortados do cardápio, mesmo que temporariamente. É o caso de doces, salgadinhos e refrigerantes, por exemplo. “No lugar do ‘refri’, faz um suco de limão, que é mais saudável e barato.”
- Pesquise os preços. Viviane recomenda pesquisar – e anotar – os preços em diversos mercados (veja sugestão no fim desta matéria). Além disso, é importante saber os dias que têm promoção, como a “terça-feira da carne”, por exemplo. “Tem que estar de olho”, frisa.
- Cumpra a lista. Não basta anotar os preços, pesquisar nos mercados e traçar um plano se, na hora H, você não cumpri-lo. “É essencial se segurar na tentação de comprar um item ou outro que talvez seja dispensável”, alerta a planejadora financeira.
- Uma vez por semana. Quanto à periodicidade, Viviane recomenda a ida ao mercado apenas uma vez por semana. Segundo ela, a pessoa pode se “apavorar” e comprar coisa demais para um mês, ou, no caso de ir todos os dias, pode comprar muitos itens que não precisa. Além disso, a especialista explica que a ida semanal ao mercado ajuda a controlar o orçamento. “Vamos supor que ela vai gastar R$ 280 em um mês. Assim, basta ela dividir esse dinheiro por quatro. Então, cada semana tem que gastar dentro de R$ 70, mas se ela gastou R$ 100 em uma, na outra vai gastar somente R$ 40”, exemplifica.
- Se possível, coma em casa. A última dica de Viviane é para que as pessoas, se puderem, comam em casa, pois é mais barato. “Tem que tomar cuidado na alimentação fora de casa ou em pedidos de delivery, pois acaba perdendo o controle. Em vez de pedir uma pizza, compra no mercado ou faz uma em casa”, diz.
Pricebook
O aplicativo Pricebook, disponível de forma gratuita na Apple Store e na Google Play, pode ser usado, por exemplo, ao se fazer a comparação de preços entre variados produtos e marcas.
A plataforma funciona por uma simples leitura do código de barras. Assim, o consumidor terá informações referentes ao histórico de preços do produto, destacando os últimos preços pagos e a variação em determinado período.
“O Pricebook é uma ferramenta de empoderamento do consumidor, na medida que disponibiliza todas as informações que permitem uma decisão de compra inteligente”, explica o CEO do aplicativo, Paulo Melo, mestre em negócios.