Inflação dos alimentos: o que fazer para driblar os preços no mercado?
Dos 50 itens que mais encareceram no último ano, 34 são alimentos. O educador financeiro Andrey Nousi selecionou dicas para economizar
atualizado
Compartilhar notícia
O brasileiro sabe: manter o padrão da alimentação está difícil. O preço nas gôndolas dos supermercados não para de subir, e a qualidade ou quantidade do que vai para o prato fica comprometida.
Os números mais recentes da economia são desanimadores. Dos 50 itens que mais encareceram no último ano, 34 são do gênero alimentício, como frutas e legumes. A cenoura, por exemplo, disparou 116%.
Esse vegetal, porém não está sozinho. A abobrinha, o pepino, o melão, o café, o morango, o tomate, o mamão, a batata inglesa, o pimentão e a cebola também subiram expressivamente no último ano. Os dados são do Índice de Preços no Consumidor (IPCA), usado para medir a inflação.
A pedido do Metrópoles, o educador e consultor financeiro Andrey Nousi selecionou dicas para driblar os altos preços dos alimentos. Com mais de 20 anos de experiência e formação na Finlândia e na Holanda, o especialista afirma que é essencial organizar os gastos e planejar as compras.
“Não é só o Brasil, mas o mundo tem vivido uma alta inflação. Isso por causa da alta das commodities e da guerra na Ucrânia. É importante entender que quem tem uma renda menor será mais impactado. Essas pessoas ficam com uma grande parte da renda destinada para o consumo de alimentos”, explica.
Nousi ensina que a melhor estratégia para administrar as contas é criar uma planilha e colocar tudo na ponta do lápis. “É primordial entender para onde vai o dinheiro e ter planejamento financeiro pessoal. Fazendo isso, muita gente consegue ter um pouco mais de fôlego neste momento da economia brasileira”, destaca, citando gastos com transporte, comida, contas fixas, entre outros.
Veja dicas para economizar no supermercado:
- Organize os gastos
- Planeje as compras
- Substitua alimentos por semelhantes mais baratos
- Corte o supérfluo
Quando o orçamento é muito apertado e o dinheiro não rende, o jeito é selecionar produtos similares mais em conta, e apostar em frutas e legumes da estação.
“Pode-se fazer uma substituição de itens daquilo que não é essencial: o óleo de girassol pelo de soja; o feijão pela lentilha. É ver aquelas coisas substituídas por mais baratas”, frisa.
Mas o que levou o preços a dispararem? Andrey Nousi afirma que questões externas pressionam a conjuntura.
“Os preços subiram muito, nos últimos meses, por conta da alta do dólar. Isso eleva a demanda para as commodities brasileiras. O produtor acaba destinando para o mercado internacional. Há três meses, o dólar começou a cair e a reduzir a pressão. Se não houver uma escalada na guerra na Ucrânia, podemos ter uma redução dos preços dos alimentos no mundo”, salienta.
“O mundo passa por uma crise da falta de alimentos. Vários países começaram a reduzir a exportação para manter o fornecimento interno, como a Índia, a Romênia, a Hungria e a Turquia”, conclui.
Arrocho
A inflação fechou o mês de maio com alta de 0,47%. O resultado representa uma desaceleração em relação a abril, quando a taxa apurada foi de 1,06%. Ainda acumula, contudo, alta de 4,78% no ano e de 11,73% nos últimos 12 meses. Os dados foram divulgados na quinta-feira (9/6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O governo federal apostou na redução de alíquotas de importação para tentar diminuir os preços internos. A medida, no entanto, não surtiu o efeito desejado, devido a pressões externas.
O Ministério da Economia já realizou dois cortes em alíquotas de importação de alimentos. Em novembro de 2021, houve uma diminuição de 20% das taxas em mais de 6 mil itens até dezembro de 2023.
No último mês, medida semelhante foi adotada, com a redução de 10% das alíquotas de importação do arroz, feijão e carne bovina.
Os efeitos, entretanto, ainda não são observados nas prateleiras dos supermercados.
A carestia tem feito o governo, inclusive, adotar movimentos heterodoxos para tentar conter os preços. O ministro da Economia, Paulo Guedes, pediu nesta quinta-feira (9/6) a empresários do setor de supermercados o congelamento de preços até 2023.
Pouco antes, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tinha apelado aos integrantes do mesmo grupo para que reduzam a margem de lucro ao “mínimo possível” em produtos da cesta básica. As declarações foram feitas durante a segunda edição do Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento, promovido pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.