metropoles.com

Inflação acumulada do ano vai a 4,83% e estoura o teto da meta em 2024

Os dados sobre a inflação no país foram divulgados nesta sexta-feira (10/1) pelo IBGE. Meta era de 3%, com limite de 4,5%

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Vinicius Schmidt/Metropoles
Mulher caminha com carrinho em supermercado - Metrópoles
1 de 1 Mulher caminha com carrinho em supermercado - Metrópoles - Foto: Vinicius Schmidt/Metropoles

Os preços de bens e serviços do país avançaram 0,52% em dezembro — o que representa uma alta de 0,13 ponto percentual em comparação a novembro (0,39%). O Brasil tem inflação acumulada de 4,83%, confirmando o estouro da meta em 2024.

Os dados fazem parte do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) — que mede a inflação oficial do país —, divulgado nesta sexta-feira (10/1) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A meta para 2024 era de 3%, com variação de 1,5 ponto percentual – ou seja, piso de 1,5% e teto de 4,5%. O objetivo é estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), formado pelo Ministério da Fazenda, Ministério do Planejamento e Banco Central (BC).

É a oitava vez desde que o sistema de metas de inflação foi implantado no Brasil, em 1999, que o alvo para o IPCA é descumprido.

O que é IPCA:

  • Refletindo o custo de vida e o poder de compra do cidadão brasileiro, o IPCA é calculado desde 1979 pelo IBGE.
  • O IPCA é considerado o termômetro oficial da inflação no país e é usado pelo Banco Central para ajustes na taxa básica de juros, a Selic.
  • Ele mede a variação mensal dos preços na cesta de vários produtos e serviços, comparando-os com o mês anterior. A diferença entre os dois itens da equação representa a inflação do mês observado.
  • O IPCA tem por meta pesquisar dados nas cidades, de forma a englobar 90% das pessoas que vivem em áreas urbanas no país.
  • O índice pesquisa preços de categorias como transporte, alimentação e bebidas, habitação, saúde e cuidados pessoais, despesas pessoais, educação, comunicação, vestuário, artigos de residência, entre outros.

Principais impactos no IPCA de 2024

O resultado de 2024 foi influenciado principalmente pelo grupo Alimentação e Bebidas (7,69%), que teve o maior impacto (1,63 ponto percentual) no acumulado do ano. Na sequência, vieram Saúde e Cuidados Pessoais (6,09%) e Transportes (3,30%), com impactos de 0,81 p.p. e 0,69 p.p., respectivamente. Os três grupos juntos responderam por, aproximadamente, 65% do resultado do ano.

O resultado do grupo Alimentação e Bebidas foi influenciado pela alta nos preços da alimentação no domicílio (8,23%). Os principais destaques foram:

  1. carnes (20,84%);
  2. café moído (39,60%);
  3. leite longa vida (18,83%); e
  4. frutas (12,12%).

No que se refere às carnes, foram registrados recuos em seis dos doze meses de 2024. Os preços do café moído apresentaram trajetória de alta ao longo de todo o ano.

No mesmo sentido, a alimentação fora do domicílio subiu 6,29%, com aumento de 5,70% da refeição e de 7,56% do lanche.

Em Saúde e Cuidados Pessoais (6,09%), a maior contribuição veio do plano de saúde (7,87%). Em junho, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) fixou o teto para reajuste dos planos individuais novos em 6,91% para o período de maio de 2024 a abril de 2025. A partir de outubro, passaram a ser incorporadas as frações referentes aos planos antigos, com vigência retroativa a partir de julho.

O IBGE destacou ainda a alta de 5,95% dos produtos farmacêuticos — em 31 de março de 2024, passou a valer o reajuste de até 4,50% nos preços dos medicamentos — e de 4,22% nos itens de higiene pessoal.

Nos Transportes (3,30%), o destaque ficou para a alta da gasolina (9,71%), subitem de maior peso (4,96%) entre os 377 subitens que compõem o IPCA, e responsável pelo maior impacto em 2024. Na sequência, sobressaem o etanol (17,58%), o conserto de automóvel (5,88%) e o automóvel novo (2,85%).

Em Habitação (3,06%), as principais contribuições positivas vieram do condomínio (6,25%), do aluguel residencial (3,45%), da taxa de água e esgoto (5,17%) e do gás de botijão (7,04%). A energia elétrica residencial, segundo subitem de maior peso no IPCA, fechou o ano com redução de 0,37%.

Cabe ressaltar que em 2024 vigoraram todas as bandeiras tarifárias: bandeira verde (sem cobrança de tarifa): janeiro a junho, agosto e dezembro; bandeira amarela (adicional de RS1,885 a cada 100 Kwh): julho e novembro; bandeira vermelha patamar 1 (adicional de RS4,463 a cada 100 Kwh): setembro; bandeira vermelha patamar 2 (adicional de RS7,877 a cada 100 Kwh): outubro.

São Luís (6,51%) foi a área com a maior variação em 2024, influenciada principalmente pelas altas da gasolina (14,24%) e das carnes (16,01%). O menor resultado, por sua vez, ocorreu em Porto Alegre (3,57%), com destaque das quedas da cebola (-42,47%), do tomate (-38,58%) e das passagens aéreas (-16,94%).

 

 

 

A inflação no ano para o mercado

No último relatório Focus de 2024, os analistas financeiros apostaram que o IPCA fecharia o ano em 4,89% e que os preços de bens e serviços do país deveriam avançar 0,58% em dezembro. Com isso, o índice fecharia acima dos 4,5%.

Além do mercado, o próprio BC, que tem o papel de controlar o avanço da inflação por meio da taxa de juros (a Selic), admitiu que a meta seria descumprida em 2024. Em relatório publicado em dezembro, a autoridade monetária informou que a probabilidade de a inflação estourar o teto da meta de 2024 era de 100% — a estimativa anterior (de setembro) era de 36%.

Para os anos seguintes, o BC elevou as projeções da seguinte forma:

  • 2025: passou de 28% para 50%; e
  • 2026: subiu de 19% para 26%.

Com o descumprimento da meta, o Banco Central precisa divulgar uma carta aberta ao titular da Fazenda e presidente do Conselho Monetário Nacional — no caso, ao ministro Fernando Haddad — explicando as razões para o estouro. Isso porque a autoridade monetária é responsável pelo controle da inflação, por meio da taxa básica de juros, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) a cada 45 dias.

Segundo a assessoria do BC, a carta aberta a será publicada às 18h desta sexta.

Meta contínua

No ano passado, houve mudança na sistemática da meta de inflação, que passou de ano-calendário para meta contínua, definida com três anos de antecedência. Porém, esse modelo só será efetivamente adotado a partir deste ano de 2025.

De 1999 a 2024, a meta se refere à inflação do ano-calendário. Entre 1999 e 2018, o CMN definia em junho a meta para a inflação de dois anos-calendário à frente e, entre 2019 e 2023, para três anos-calendário à frente.

A partir deste mês de janeiro, visando se adequar às melhores práticas e à experiência internacional, a meta passa a se referir à inflação acumulada em 12 meses, apurada mês a mês, conhecida como “meta contínua”.

Por exemplo, em janeiro de 2025, a inflação acumulada em 12 meses é comparada com a meta e seu intervalo de tolerância. Em fevereiro, realiza-se o mesmo procedimento, e assim por diante. Dessa forma, a verificação se desloca ao longo do tempo e não fica mais restrita ao mês de dezembro de cada ano.

Se a inflação ficar fora do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, ocorre o descumprimento da meta. A utilização desse período evita a caracterização de descumprimento em situações de variações temporárias na inflação.

Esse é o caso, por exemplo, de um choque em preços de alimentos que faça com que a inflação fique fora do intervalo de tolerância por apenas alguns meses.

PT contra a meta

Integrantes do Partido dos Trabalhadores (PT) já teceram críticas à meta de inflação. Entre eles, inclui-se a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. Antes da alteração no sistema da meta inflacionária, ela defendeu a mudança do centro da meta, que, na opinião dela, teria sido fixado “irrealisticamente” antes do atual governo Lula.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?