Indústria pede que redução de tarifa no Mercosul seja suspensa
“A redução unilateral das tarifas, neste momento, reforçaria uma já existente competição não isonômica”, diz a CNI
atualizado
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Diante dos efeitos econômicos e sociais provocados pela pandemia da Covid-19, entidades representativas da indústria brasileira pedem a suspensão da proposta de redução da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul.
Em documento divulgado nesta quinta-feira (24/6), ao qual o Metrópoles teve acesso, a indústria afirma que o posicionamento do governo vem sendo consolidado há quase dois anos, sem que tenham tido “consultas consistentes com representações dos segmentos industriais”.
Atualmente, há uma divisão dos governos do bloco em torno de questões estratégicas: uma possível revisão e ou redução da TEC e a negociação de acordos comerciais com cronogramas distintos – ou até de forma individual – com outros países ou blocos.
De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), “a redução unilateral das tarifas, neste momento, reforçaria uma já existente competição não isonômica devido aos problemas crônicos de competitividade do Brasil que não foram equacionados”.
Enquanto as negociações comerciais individuais trazem tanto o desafio do “enfraquecimento do bloco” quanto o de abrir mercados para parceiros com “práticas desleais e que representam efetiva ameaça à produção e emprego no país”.
Desta forma, a CNI afirma que o governo defende essas ideias há quase dois anos, sem “um projeto claro” e consultas consistentes com representações dos segmentos industriais e dos trabalhadores.
Paulo Guedes
O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu no início do mês a flexibilização do Mercosul e afirmou que o Brasil se prejudicou muito ao manter sua economia fechada por mais de 30 anos.
“Ficar fechado foi muito prejudicial para o Brasil nos últimos 30 anos. O Brasil está negociando menos com nossos parceiros hoje. Então foi uma armadilha. Foi uma armadilha”, disse. “Isso impediu o Brasil de se envolver em uma integração produtiva mais eficiente, de se integrar em cadeias globais”, completou o ministro.
Para resolver o problema, Guedes afirmou que está reduzindo cada vez mais as tarifas de importação e se aproximando do que chamou de “amigos” do Mercosul.
Argentina x Brasil
Os planos de Guedes esbarram numa queda de braço com a Argentina. Enquanto o governo brasileiro tenta reduzir a TEC do Mercosul e avançar com a agenda de abertura comercial, o país vizinho resiste.
O chefe da pasta econômica, no entanto, quer ir adiante em sua proposta de reduzir a TEC em 10% agora e em outros 10% no fim deste ano. A Argentina acena com essa primeira redução, mas declarou que só aceitaria falar na segunda alteração após 2023.