Inadimplência é quatro vezes maior entre famílias de baixa renda
Estudo do FGV Ibre indica que essas pessoas não devem sair do vermelho tão cedo, o que pode dificultar a retomada do consumo no país
atualizado
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Dados da Serasa Experian apontam que o número de inadimplentes sobe há oito meses consecutivos no Brasil, alcançando um total de 68,4 milhões de pessoas no mês passado. Agora, pesquisadores do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) fizeram uma radiografia detalhada dessa onda até aqui crescente. Com base em informações reunidas até julho deste ano, eles constataram que as famílias mais pobres, que ganham no máximo dois salários mínimos por mês, estão até quatro vezes mais endividadas do que aquelas ocupam uma faixa de renda mais alta, a partir de cinco salários mensais.
Isso acontece, por exemplo, no cartão de crédito. Na baixa renda, a taxa de inadimplência é de 12%, ante 3% na faixa superior. Nos empréstimos pessoais, a situação é similar. Nesse caso, entre os endividados, 12% estão na base da pirâmide de renda e 3% acima da linha de corte fixada no levantamento.
Para Silvia Matos, pesquisadora do FGV Ibre e uma das autoras do estudo, esse quadro pode ter duas consequências negativas no médio prazo. “Do lado das famílias, a análise aponta que, pela renda mais baixa, as pessoas terão maior dificuldade para quitar suas dívidas e voltar a consumir um pouco mais”, afirma. “Do lado de quem oferece crédito, indica, pelos mesmos motivos, que será mais complicado reverter essa inadimplência.”