Inadimplência: 30% das famílias têm dívidas em atraso, diz CNC
Pesquisa aponta que 10,9% das famílias brasileiras disseram, em novembro, não ter condições de pagar dívidas atrasadas de meses anteriores
atualizado
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A inadimplência das famílias brasileiras segue em alta e vem afetando, principalmente, os de renda mais baixa. É o que mostram dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Ao todo, 30,3% das famílias têm alguma dívida em atraso. Em um ano, a inadimplência subiu 4,2 pontos percentuais, segundo a pesquisa.
De acordo com o levantamento, 10,9% das famílias brasileiras disseram, em novembro, não ter condições de pagar dívidas atrasadas de meses anteriores – entre aquelas com menores rendimentos, o indicador atingiu 13,4%.
Entre os consumidores que recebem até 10 salários mínimos, 34,1% estão com dívidas em atraso – maior índice da série histórica iniciada em 2010, de acordo com a CNC.
Já a parcela de famílias com dívidas, em atraso ou não, ficou em 78,9% em novembro.
Segundo a entidade, “os orçamentos das famílias de menor renda seguem apertados porque os juros altos aumentam as despesas financeiras associadas às dívidas em andamento”.
“Com maior nível de endividamento, está mais difícil pagar todos os compromissos em dia, contas de consumo e dívidas”, afirma a economista Izis Ferreira, responsável pela pesquisa.
Inadimplência recorde
A disparada da inflação e a contração da renda levaram muitas famílias brasileiras a contarem com o crédito para o pagamento de dívidas do dia a dia.
O saldo da carteira de crédito para pessoas físicas saltou quase 20% em um ano. As contas penduradas no cartão de crédito tiveram um aumento ainda maior, de 36%, entre outubro de 2021 e outubro de 2022.
Com mais dívidas entrando na “bola de neve”, a inadimplência explodiu. De acordo com dados do BC, a cada 100 linhas de crédito concedidas, 4 estão vencidas há pelo menos 15 dias.
Preocupação número 1 para 2023
Em entrevista ao Metrópoles, o diretor-executivo do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), Daniel Lima, classificou a inadimplência como a maior preocupação para o país neste momento, ao lado da inflação.
“Elas se retroalimentam. A taxa de juros responde a uma inflação alta. Quanto maior a inflação, maior a taxa de juros. Isso corrige o saldo das dívidas por uma taxa de juros maior. No frigir dos ovos, são problemas da mesma natureza”, afirma.
“Você tem um aumento expressivo dos juros, o que aumenta o comprometimento da renda, e a pessoa privilegia os gastos fundamentais com alimentação, vestuário, saúde, principalmente nesses momentos em que o dinheiro está mais curto. Assim, a parcela do banco acaba atrasando e gera essa inadimplência. Se eu tiver de escolher apenas um, acredito que a inadimplência é o nosso principal ponto de atenção.”