Imunidade de rebanho: time de Guedes admite que não consultou Saúde
Documento enviado à CPI da Covid-19 “é uma prova material da omissão do governo”, na avaliação do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP)
atualizado
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Sem trocar informações com a pasta da Saúde, o Ministério da Economia apostou na ideia de que a pandemia da Covid-19 não recrudesceria em 2021 por causa da chamada imunidade de rebanho. Em resposta a um requerimento do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente do colegiado, o secretário de política econômica (SPE), Adolfo Saschida, disse que “não houve qualquer comunicação e/ou troca de documentos do Ministério da Saúde (MS) com a SPE”.
A afirmação está num ofício enviado à CPI da Covid-19 no Senado. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo , Randolfe afirmou que o documento “é uma prova material da omissão do governo, da falta de política de enfrentamento da pandemia”, uma vez que, na época, a Organização Mundial da Saúde (OMS) avisava que teriam mais ondas de contaminação.
No texto, Sachsida afirma que se apoiava, na verdade, em “uma série de informações levantadas pela equipe técnica da SPE acerca da evolução da pandemia”.
O secretário também frisou que “a SPE não utiliza nenhum modelo preditivo da pandemia e continua baseando suas projeções em análises econômicas com o mínimo de inferências de natureza epidemiológica”.
Com o atraso na vacinação, no entanto, o governo precisou retomar o auxílio emergencial, que havia sido interrompido em dezembro. Na avaliação do congressista, isso explica o por que de o governo não ter planejado “a continuidade do auxílio emergencial na virada do ano”. O benefício ajuda famílias de baixa renda a se manterem durante a pandemia.
Em defesa da secretaria, Saschida relembrou momentos em que a SPE acertou previsões, como a projeção do Produto Interno bruto (PIB). Enquanto o mercado acreditava que a queda da economia brasileira seria de até 10% no ano passado, a secretaria estimou um recuo de 4,7%. O resultado oficial foi de retração de 4,1%.
“Por fim, deve-se salientar que erros e acertos fazem parte de todas e quaisquer projeções econômicas, o que é sabido e comumente no meio técnico-científico. Esta secretaria, a propósito, se orgulha dos sucessivos acertos que vem apontando; sendo, por exemplo, uma das primeiras instituições a estimar que o PIB nacional recuaria menos de 5% no ano de 2020.”
Outro lado
O Metrópoles procurou o ministério da Economia, mas até a publicação desta reportagem não houve resposta. O espaço segue aberto.