Haddad sobre corte da Selic: “Se não viesse, não sei o que faríamos”
Taxa básica de juros (Selic) passou para 13,25% ao ano, após decisão do Copom no início de agosto. Para Haddad, sem corte haveria problemas
atualizado
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que, se o corte na taxa básica de juros (Selic) não tivesse sido feito pelo Banco Central (BC) em agosto, ele não sabe o que faria. A nova taxa passou de 13,75% para 13,25% ao ano (redução de 0,50 ponto percentual). Esse foi o primeiro corte de juros promovido pelo órgão desde agosto de 2020, há três anos, portanto.
“Se não viesse o corte de juros de agosto, não sei o que nós faríamos”, disse Haddad em entrevista ao podcast do jornalista Reinaldo Azevedo, gravada na sexta-feira (10/8) e veiculada nesta segunda (14/8). “Se ele (o corte) não viesse, nós iríamos ter um problema grave na economia”, prosseguiu.
Segundo ele, a demora no corte de juros surpreendeu o governo e deixou as autoridades “angustiadas”.
“Teve uma coisa que nos surpreendeu, que foi a demora no corte de juros. Deixou o governo angustiado. Já tinham razões para o corte de juros”, afirmou o ministro. “Veio a desaceleração e não veio o corte de juros.”
Haddad defendeu “uma taxa de juros baixa que não traga inflação de volta”.
Tensão entre governo e BC
O titular da pasta ainda afirmou que o período entre abril e julho, quando o governo Lula (PT) já defendia os primeiros cortes e a autoridade monetária ainda resistia, foi “o momento de maior tensão com o Banco Central”.
Naqueles meses, o presidente da República frequentemente ia a público criticar o presidente do BC, Roberto Campos Neto.
Novos cortes de 0,50 ponto percentual ou de até 0,75 ponto são esperados para as próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).
Os economistas preveem que a Selic termine o ano ainda em dois dígitos, em 11,75% ao ano.