Haddad defende “proteger” quem está no rotativo do cartão de crédito
Ministro Fernando Haddad defendeu clientes que estão no rotativo do cartão de crédito, mas salientou que é não possível comprometer o varejo
atualizado
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu proteger “quem está caindo” no rotativo do cartão de crédito, modalidade em que o cliente não paga o valor total da fatura e transfere a dívida para o mês seguinte. Mas ele ponderou que não se pode “perder de vista” o varejo, uma vez que boa parte das compras no país são feitas nesse sistema.
Com juro anual acima de 400%, essa é a modalidade de crédito mais cara do país e vem sendo criticado por parlamentares.
Haddad disse que “o rotativo (continuar) assim não dá”. A declaração foi dada em entrevista a podcast do jornalista Reinaldo Azevedo, gravada na sexta-feira (10/8) e transmitida nesta segunda (14/8).
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“Começou a surgir um movimento no Congresso de insurgência contra os 470% e aí reacendeu (o debate). Nós já estamos há algum tempo, há alguns meses, já discutindo com os bancos. Mas nós não podemos perder de vista o varejo”, disse Haddad
Em seguida, ele defendeu a proteção do cliente: “Você tem que proteger quem está caindo no rotativo, claro, você tem que fazer alguma coisa por essa pessoa”.
Na semana passada, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, disse que a pasta vê o fim do rotativo do cartão de crédito como “uma boa saída”. Ele negou a possibilidade de tabelamento.
“A Fazenda não vê o tabelamento de preço, uma canetada como solução para isso. De fato, não é por aí que se deve caminhar”, disse o número dois de Haddad.
Na sexta-feira (11/8), o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse que suas declarações sobre a possibilidade de extinção do rotativo do cartão de crédito, dadas durante uma audiência no Senado na quinta (10/8), renderam a ele um “puxão de orelha”.
Como funciona
O rotativo do cartão de crédito é uma linha de crédito pré-aprovada no cartão. Ela é acionada por quem não pode pagar o valor total da fatura na data de vencimento.
Em caso de inadimplência do cliente, o banco deve parcelar o saldo devedor ou oferecer outra forma de quitação da dívida, em condições mais vantajosas, em um prazo de 30 dias.
A taxa média de juros cobrada pelos bancos nas operações com cartão de crédito rotativo caiu para 437,3% ao ano em junho, de acordo com dados do BC.
No mês anterior, os juros estavam em 455,1%, atingindo o maior patamar desde 2017.
Apesar da queda registrada em junho, os juros do cartão seguem em patamares altíssimos. Há um ano, a taxa estava em 370,4%.