Guedes diz que país “não está perdendo o controle” da economia
Segundo o ministro, a situação econômica estaria ainda melhor se não fosse uma antecipação do clima eleitoral, que impacta o mercado
atualizado
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu que o país não “está perdendo o controle”, pelo menos do “ponto de vista estritamente econômico”. A fala ocorreu durante um evento da Associação Brasileira da Propriedade Intelectual (ABPI), nesta segunda-feira (23/8).
“Hoje, não há o menor fundamento do ponto de vista estritamente econômico dizer que o Brasil está perdendo o controle. É exatamente o contrário, o Brasil atravessou a maior crise fiscal, a maior depressão de tempos modernos e se recuperou em tempo recorde”, afirmou o chefe da pasta.
Segundo Guedes, a situação econômica do país estaria ainda melhor se não fosse uma antecipação do clima eleitoral, que tem impacto no Congresso e, por consequência, no mercado financeiro. As pesquisas indicam o favoritismo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva diante do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em 2022.
Para conter os efeitos da política na economia, o ministro apelou para que os atores moderem os excessos. “Com confiança na democracia brasileira e principalmente nas instituições, esperamos que os excessos que sejam cometidos de uma parte ou de outra, de atores específicos, sejam moderados”, afirmou.
Inflação e juros em alta
Apesar do otimismo do ministro, a economia brasileira não vive seu melhor momento. Pressionada pela crise hídrica, que elevou as contas de energia elétrica, a inflação oficial do país acelerou no último mês para 0,96%, e acumula alta de 8,99% no ano, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A meta do Banco Central (BC) em 2021 é 3,75%, mas, pela regra vigente, será considerada cumprida se o indicador alcançar de 2,25% a 5,25%. Isso significa que o governo está cada vez mais longe do resultado perseguido.
Para tentar alcançá-lo, o BC precisa aumentar a taxa básica de juros da economia (Selic), que foi elevada para 5,25% ao ano, em agosto. Desta forma, o governo consegue ancorar expectativas e desincentivar o uso do crédito, o que diminui a demanda das empresas e, por consequência, reduz os preços.
Na prática, o brasileiro lida com a inflação disparada e a alta dos juros. E, como se já não bastasse, as expectativas para o futuro também não são animadoras.
Nesta manhã, o mercado financeiro elevou a estimativa do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que regula a inflação oficial do país, pela 20ª semana seguida. A estimativa para o indicador subiu de 7,05% para 7,11% em 2021.
No caso do Produto Interno Bruto, que vinha sendo projetado a uma estimativa de crescimento de 5,28% até a semana passada, houve leve retração das expectativas, que passaram a ser de alta de 5,27%.