Guedes diz que novo governo enviará proposta de independência do BC
Futuro ministro da Economia defendeu a permanência do atual presidente da instituição financeira Ilan Goldfajn: “Seria natural”
atualizado
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O economista Paulo Guedes, indicado para o Ministério da Economia, defendeu nesta terça-feira (30/10) a independência do Banco Central, com mandato de presidente não coincidente com o do presidente da República. Ele disse ainda que “seria natural” que Ilan Goldfajn permanecesse no cargo, por ter a mesma posição.
Apesar disso, Guedes afirmou que a continuidade dele no BC ainda precisaria ser acertada com o próprio Goldfajn e com a equipe de governo do presidente eleito de Jair Bolsonaro.
“Não podemos estar a cada eleição falando será que ele [presidente do Banco Central] fica? Será que ele não fica? Será que ele muda? Será que ele não muda? Então, teremos um Banco Central independente”, disse.
Ilan ocupa a presidência do Banco Central há dois anos, e Guedes disse que seria “a coisa mais natural do mundo” que o governo aprovasse o projeto que prevê a independência da instituição com o apoio dele e que ele permanecesse no cargo.
“Isso tem que combinar com a nossa equipe aqui dentro, tem que combinar com o Ilan. Estou dizendo que seria natural”, disse, acrescentando que o convite dependeria da vontade do atual presidente do BC. “Não quero convidar alguém que não tem o desejo de ficar. A motivação é fundamental”.
Segundo Guedes, a atual transição de governo será a última em que haverá incerteza sobre o comando da autoridade monetária. “Daqui para a frente, como vamos aprovar a independência do Banco Central (BC), saberemos que essa fonte de incerteza [o comando do BC] será eliminada. Essa é a ultima transição que tem essa incerteza”, afirmou Guedes, em entrevista a jornalistas pouco antes de entrar na casa do empresário Paulo Marinho, no Rio, onde está reunido neste momento com Bolsonaro.
Guedes frisou que a independência do BC será aprovada em projeto de lei. “A essência desse projeto são mandatos não coincidentes”, disse o economista.
Reservas
A proposta de vender parte das reservas internacionais, discutida na equipe que trabalha no programa de governo do presidente eleito Jair Bolsonaro, seria usada apenas em caso de crise especulativa no câmbio, também afirmou o economista Paulo Guedes, responsável pela área econômica do futuro governo.
Segundo Guedes, a equipe de assessores econômicos debateu o assunto um mês atrás, quando o dólar estava cotado na casa de R$ 4,10. A vende de reservas seria usada, portanto, apenas em caso de desvalorização cambial.
“Se o dólar chegar a R$ 5,00, vai ser muito interessante, porque vamos vender US$ 100 bilhões. São R$ 500 bilhões. Na mesma hora, vai recomprar dívida interna. Chama-se política de esterilização. Não vai se fazer isso”, afirmou Guedes, em entrevista a jornalistas pouco antes de entrar na casa do empresário Paulo Marinho, no Rio, onde está reunido neste momento com Bolsonaro.
Segundo Guedes, sem ataque especulativo no câmbio, não haveria motivos para vender as reservas. “O dólar agora está a R$ 3,60, para que vou vender dólar? Para derrubar as exportações?”, afirmou o economista.
Guedes deixou clara a disposição de vender reservas caso a cotação do dólar suba. “Se houver uma crise especulativa, não tem problema nenhum, vai acelerar nosso ajuste fiscal”, afirmou Guedes.
Para o economista, o custo de manter as reservas internacionais é elevado e elas não seriam necessárias em nível tão elevado se as contas públicas fossem equilibradas. “Quando você tem um regime fiscal robusto, não existe essa necessidade de carregar tantas reservas, porque é um seguro muito caro”, disse Guedes.