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Sem data para receber auxílio, mães adolescentes beiram a fome na pandemia

Ampliação do benefício foi sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro em 14 de maio. Aflitas, mães aguardam pagamento

atualizado

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arquivo pessoal
armário da estudante Kelly, de 17 anos
1 de 1 armário da estudante Kelly, de 17 anos - Foto: arquivo pessoal

Em meio ao caos econômico provocado pela pandemia do novo coronavírus, que piora a cada dia, mães adolescentes vivem mais uma difícil, incerta e duradoura etapa para receber o auxílio emergencial de R$ 600.

Com uma série de vetos, o governo federal sancionou no dia 15 de maio a ampliação do benefício emergencial, que foi aprovado no Senado em 22 de abril – ou seja, há quase um mês.

As mães menores de 18 anos, inclusive, foram o único grupo contemplado na ampliação. No entanto, as meninas seguem sem qualquer respostas de como e quando vão receber a primeira parcela do benefício.

Para piorar a situação, várias delas tiveram o pagamento do programa Bolsa Família bloqueado. Elas relatam que, também neste caso, não foram informadas pelo governo sobre o motivo da ação.

Dessa forma, o futuro das mães adolescentes segue incerto, sem saber quanto nem quando vão receber o benefício assistencial, seja qual for. A única certeza que elas relatam é que, sem o auxílio, elas começam a ter de lidar com a fome em casa.

Um danone

Mãe do menino Ravy Pietro, de 1 ano e 6 meses, a dona de casa Geovana Maiara, 17, relata que a demora em pagar o benefício – o ministro da Economia Paulo Guedes anunciou o auxílio há 90 dias – tem deixado a sua situação cada mais complicada.

A garota mora sozinha com o filho em um assentamento em Caiçara do Norte, no litoral potiguar. Ela teme a falta de comida e fraldas para Ravy.

A última vez que recebeu alguma quantia foi no dia 28 de abril, quando ganhou R$ 180 do Bolsa Família. Uma parte desse dinheiro ficou na passagem e uma outra para fazer a “feira” e comprar as coisas básicas para o filho, como fraldas e leite.

“Sabe que o dinheiro [do Bolsa Família] não dá quase para nada, né?!”, ressalta Geovana. Agora, a menina sobrevive com o apoio financeiro da família. Ela se sente aflita com a situação, ainda mais com a possibilidade da bolsa dela também ser bloqueada.

“Essa demora está me prejudicando mais ainda. As fraldas estão acabando e o lanche também. Só tem duas bolachinhas. E também nunca mais comprei um danone para ele [Ravy], que gosta muito. Por mim, eu me viro, mas fico preocupada com ele”, relata em conversa nessa quarta-feira (20/05).

Falta o necessário

A estudante Kellyane Maria, 17, vive situação delicada com o filho, Arthur Miguel, de 1 ano e 9 meses. O pai do menino, que está sem trabalhar por ocasião da pandemia, também não recebeu o auxílio de R$ 600, assim como ela. O avô, que também ajudava, ficou desempregado.

Kelly, como gosta de ser chamada, mora com Arthur em Juazeiro do Norte, interior do Ceará. Ela teme perder a casa e ter de voltar a morar com os pais.

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O menino Ravy Pietro, de 1 ano e 6 meses, e a dona de casa Geovana Maiara, 17, mãe do garoto
Kellyane Maria, 17, e o filho, Arthur Miguel, de 1 ano e 9 meses
Fralda que Kelly, de 17 anos, recebeu da vizinha
Interior da geladeira da estudante Kelly, de 17 anos
Armário da estudante Kelly, de 17 anos
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O menino Ravy Pietro, de 1 ano e 6 meses, e a dona de casa Geovana Maiara, 17, mãe do garoto

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O menino Ravy Pietro, de 1 ano e 6 meses, e a dona de casa Geovana Maiara, 17, mãe do garoto

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Kellyane Maria, 17, e o filho, Arthur Miguel, de 1 ano e 9 meses

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Fralda que Kelly, de 17 anos, recebeu da vizinha

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Interior da geladeira da estudante Kelly, de 17 anos

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Armário da estudante Kelly, de 17 anos

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O aluguel está atrasado. Aliás, ela faz as contas na ponta da língua: são R$ 37 da conta de água; R$ 80 da conta de luz; e mais R$ 300 do aluguel da casa.

“Minha mãe me deu a metade da feira dela. Mas, não sei se vai dar para aguentar até o próximo mês”, diz. “Estou passando por uma necessidade. Estou rezando para que saia pelo menos um dinheiro para pagar ao menos a fralda dele [Arthur]”, complementa.

Após o primeiro contato com a reportagem, ela contou que ganhou uma unidade de fralda da vizinha.

“É tudo que estamos precisando. Se sair esses R$ 600, a primeira coisa que vou fazer é agradecer e comprar bastante feira para cá, porque a gente está dois meses assim. Estou decepcionada comigo mesma porque meu filho chora querendo alguma coisa e eu não posso dar”, se emociona.

Sem respostas

O Metrópoles procurou o Ministério da Cidadania e a Caixa Econômica Federal na manhã dessa segunda-feira (18/05). Nem a pasta nem o banco souberam responder, desde então, quando vai ser realizado o pagamento do benefício para as mães adolescentes.

Por telefone, o Ministério da Cidadania informou que não tem as informações, pois o governo precisa regulamentar as novas regras do pagamento.

“Vai ser editada uma portaria que vai regulamentar o pagamento para as mães menores de 18 anos. A gente só vai conseguir informações com essa portaria, que deve ser editada nos próximos dias”, informou.

A pasta não informou, também, por que o pagamento do Bolsa Família foi bloqueado para algumas meninas. O espaço continua aberto para manifestações.

A Caixa Econômica, por sua vez, disse ser necessário procurar o Ministério da Cidadania. “As regras ainda estão em definição pelo ministério, então a Caixa não vai conseguir implantar enquanto for fechado”, disse.

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