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FMI prevê queda de quase 4% do PIB no Brasil

“Estas previsões estão sujeitas a grandes incertezas”, advertem economistas da instituição

atualizado

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David Alves/Palácio Piratini
PIB-Industria-Fabrica
1 de 1 PIB-Industria-Fabrica - Foto: David Alves/Palácio Piratini

O Fundo Monetário Internacional (FMI) voltou a rebaixar a previsão de desempenho econômico para o Brasil e alerta que as perspectivas para o país estão sujeitas a “grandes incertezas”. A estimativa é que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve encolher 3,8% em 2016, o pior desempenho entre os principais países do mundo, segundo o relatório Perspectiva Econômica Mundial divulgado nesta terça-feira, 12. Em janeiro, o Fundo previa queda de 3,5% este ano para o Brasil. Para 2017, o FMI manteve a projeção de crescimento zero.

“Estas previsões estão sujeitas a grandes incertezas”, advertem economistas da instituição no documento, que não cita explicitamente o cenário político brasileiro e traz recomendação para que o País tome medidas pelo lado dos impostos para melhorar as contas fiscais. Desde 2012, o Fundo vem rebaixando as previsões de PIB do Brasil a cada novo relatório divulgado e o relatório desta terça fala em recuperação “muito gradual” para o País.

O Fundo ressalta que caso a economia brasileira não se recupere como o previsto, o PIB fraco do país junto com o da Rússia, outro mercado em recessão, pode voltar a empurrar a expansão da economia mundial para baixo. Os dois países respondem por 6% do PIB do planeta e em janeiro, quando divulgou atualização das projeções, o FMI disse que um dos fatore que pesaram na redução da estimativa para o crescimento mundial foi a recessão no Brasil.

“A contração da economia brasileira vem sendo maior que a esperada, enquanto outros países da América Latina permanecem em linha com o previsto”, afirma o FMI. Para os economistas do Fundo, a incerteza doméstica segue impedindo o governo de avançar com a reforma fiscal, ao mesmo tempo que a recessão afeta a renda e o emprego. “Com a expectativa de que muitos dos grandes choques de 2015 e 2016 se dissipem, e ajudado por uma moeda mais fraca, o crescimento no Brasil deve ficar positivo durante 2017, contudo, na média o PIB deve ficar estável”, afirma o FMI.

A recomendação do FMI é que o Brasil persista com os esforços de consolidação fiscal. A melhora das contas públicas pode estimular uma reviravolta nos níveis de confiança dos consumidores e investidores, atualmente em níveis historicamente baixos. Com a “severa limitação” no corte de despesas discricionárias, que são gastos públicos vinculados, o FMI fala que medidas envolvendo impostos são necessárias no curto prazo, sem especificar quais seriam estas medidas. “Mas o desafio fiscal mais importante é resolver a rigidez dos gastos e a insustentável obrigatoriedade das despesas”, afirma o FMI.

Inflação
Para a inflação, o FMI argumenta que a convergência dos índices de preços para a meta de 4,5% do Banco Central vai exigir uma “política monetária apertada”. A projeção é que a inflação brasileira fique em 8,7% este ano e 6,1% em 2017, ambos em queda em relação a 2015, influenciada pela redução dos efeitos da depreciação do câmbio e do ajuste em preços administrados.

A taxa de desemprego deve terminar o ano em 9,2% e subir ainda mais em 2017, atingindo 10,2%. O déficit em conta corrente deve ficar em 2% do PIB este ano e 1,5% em 2017.

Reformas estruturais para aumentar a produtividade e a competitividade são essenciais para revigorar o crescimento potencial do Brasil, conclui o relatório.

América Latina
O FMI piorou a projeção de desempenho econômico da América Latina e vê a região encolhendo 0,5% este ano e voltando a crescer, mas em ritmo modesto, em 2017, com expansão podendo chegar a 1,5%.

A recessão maior que o esperado do Brasil, o maior país da região, é um dos principais fatores que explicam a piora dos números para a região. Além da economia brasileira, outros países da região devem ter PIB negativo. A Argentina deve encolher 1%, a Venezuela 8% e o Equador 4,5%.

O relatório do Fundo elogia a Argentina e destaca a expansão positiva em outros mercados, como Bolívia, com previsão de PIB crescendo 3,8% este ano, Peru (+3,7%), México (+2,4%) e Chile (1,5%).

“Na América Latina, a desaceleração do Brasil foi maior que o esperado, enquanto a atividade no restante da região ficou basicamente em linha com o previsto”, afirma o relatório. O FMI nota que não há uma homogeneidade na atividade econômica da região. O México e países do caribe têm sido beneficiados pela melhora da economia dos Estados Unidos, enquanto Chile e outros países da América do Sul vêm sendo afetados pela queda dos preços das commodities.

O FMI elogia a Argentina e destaca que a Casa Rosada tem procurado corrigir distorções macro e microeconômicas. O ajuste empreendido pelo novo presidente, Mauricio Macri, melhora as perspectivas de crescimento para o médio prazo, mas deve gerar uma leve recessão este ano, de acordo com o relatório.

Mundo
O FMI também rebaixou novamente as previsões para o crescimento da economia mundial, citando a piora do cenário para os emergentes e expansão abaixo do previsto nos países desenvolvidos. Em 2016, a expectativa é de avanço de 3,2%, ante 3,4% previstos em relatório divulgado em janeiro. Para 2017, o Fundo estima alta de 3,5%, ligeiramente inferior ao estimado anteriormente, 3,6%.

A China, destaca o FMI, agora a maior economia do mundo pelo critério de paridade do poder de compra, foi uma das exceções e teve estimativas melhoradas. Em janeiro, o Fundo previa expansão de 6,3% para o país asiático em 2016, número elevado agora para 6,5%, por conta de indicadores divulgados recentemente que mostram força maior dos serviços e consumo interno.

A estimativa de 2017 para a China foi aumentada em 0,2 ponto, para 6,2%. O relatório alerta, porém, que ainda há bastante incerteza sobre a “complexa” transição em curso na economia do país, que quer mudar o modelo de crescimento para que o consumo interno tenha mais peso na atividade. O processo pode gerar solavancos na economia mundial, ressalta o relatório.

A recuperação global continua, afirma o FMI no relatório Perspectiva Econômica Mundial, mas em um ritmo cada vez mais frágil. “Muito devagar por muito tempo” é o título do relatório divulgado nesta terça pelo Fundo falando das perspectivas econômicas para 2016 e 2017. Eventos de origem não econômica, como o terrorismo, também ameaçam a atividade do planeta e sugerem a possibilidade de que resultados piores que o esperado se materializem.

“A incerteza aumentou e os riscos de um cenário mais fraco de crescimento estão se tornando mais tangíveis”, afirma o documento. O FMI cita em diversos momentos a recessão do Brasil, mais profunda que o previsto, e da Rússia. Casos os dois países não se recuperem como o esperado em 2017, o PIB mundial pode ser novamente empurrado para baixo.

Nos países avançados, os principais mercados tiveram corte de projeções. A previsão de crescimento em 2016 dos EUA foi reduzida de 2,6% do relatório de janeiro para 2,4%. A de 2017 baixou de 2,6% para 2,5%. Na zona do euro, o FMI antes previa que o PIB fosse avançar 1,7% este ano, número reduzido para 1,5% O Japão teve um dos maiores cortes entre os principais países desenvolvidos, de 0,5 ponto porcentual e o FMI vê o país crescendo apenas 0,5% em 2016 e encolhendo 0,1% no ano que vem.

O FMI cita que uma série de fatores estão afetando a economia mundial, mas de forma diferente, dependendo do país. A queda dos preços do petróleo, a desaceleração do crescimento da China, a turbulência no mercado financeiro no começo do ano, redução dos fluxos internacionais de capital para emergentes e retração dos investimentos em diversos mercados.

Para os mercados emergentes também houve corte de projeções. Esses países devem crescer 4,1% em 2016, 0,2 ponto a menos do que o estimado em janeiro. Em 2017, a estimativa foi reduzida de 4,7% para 4,6%. A Rússia foi um dos países com maior corte de projeção, de 0,8 ponto na estimativa para este ano. Com isso, o país deve encolher 1,8%. Já a Índia deve ser um dos destaques de crescimento, avançando 7,5% este ano e no próximo, número sem mudanças em relação ao relatório de janeiro.

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