FMI indica que desigualdade vai aumentar no mundo pós-pandemia
“A maior parte dos emergentes tem grande necessidade de financiamento neste ano e está exposta a riscos”, diz o estudo
atualizado
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O novo relatório de estabilidade financeira global do Fundo Monetário Internacional (FMI) indica que os países emergentes correm alto risco nos próximos anos devido à pandemia da Covid-19. O relatório foi divulgado nesta terça-feira (6/4) e aponta uma série de tópicos que podem se transformar em um caos financeiro futuramente.
Segundo o documento, “as medidas adotadas durante a pandemia podem ter consequências inesperadas, como valorizações excessivas de ativos e aumento das vulnerabilidades financeiras”. O órgão destaca a “recuperação assíncrona” entre os países avançados e emergentes.
No diagnóstico do fundo, “a maior parte dos emergentes tem grande necessidade de financiamento neste ano e estão expostos a riscos para a rolagem das dívidas, especialmente se a inflação doméstica subir ou as taxas de longo prazo globais continuarem a avançar”.
Também de acordo com o estudo, esse retorno díspar entre as economias deve-se ao acesso desigual às vacinas, o que aumentou o risco de divergência na recuperação global “especialmente se acompanhada de movimentos em direção à normalização de política monetária nas economias avançadas”, afirma o fundo. Uma inesperada e rápida alta nos juros, por exemplo, pode resultar em condições financeiras consideravelmente apertadas.
Ainda que o crescimento do endividamento dos setores público privado seja uma consequência da pandemia, o FMI alertou que “se não forem abordadas, as vulnerabilidades financeiras expostas pela pandemia podem se tornar um novo legado de problemas estruturais.”
Auxílio emergencial
No Brasil, a solução para melhorar o cenário, de acordo com o órgão, é acelerar a imunização em massa e atingir a expectativa de crescimento no ano, projetada em 3,7%.
Em entrevista coletiva, Gita Gopinath, conselheira econômica e diretora de pesquisa do FMI, afirmou que o auxílio emergencial impediu que o país sofresse uma contração ainda mais grave, mas que os desafios para que o país alcance o patamar de crescimento desejado ainda são muitos.
“Considerando a quantidade de apoio que foi dado, a contração que vimos em 2020 não foi tão ruim quanto esperávamos. Espera-se que a economia retome em 2021, mas ainda há desafios, ainda há condições financeiras pelo mundo, riscos de condições financeiras, que podem ser um problema e afetar o Brasil”, afirmou.
“A prioridade número um precisa ser a frente da vacinação, dando celeridade ao processo de imunização em comparação ao que temos visto neste momento”, complementou.