FGV aponta queda de 3,8% em 2015 ante 2014 no PIB nacional
Trata-se do pior desempenho da economia brasileira desde 1990, quando a atividade caiu 4,3% frente ao ano anterior. Além disso, a retração do Produto Interno Bruto de 2016 deve ser de 3,4%
atualizado
Compartilhar notícia
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro encolheu 3,8% em 2015 ante 2014, estima o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), por meio do Monitor do PIB. O indicador antecipa a tendência do principal índice da economia a partir das mesmas fontes de dados e metodologia empregadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo oficial do País.
O resultado do PIB será divulgado em 3 de março. Se essa queda for confirmada, será o pior desempenho da economia brasileira desde 1990, quando a atividade caiu 4,3% frente ao ano anterior, segundo os dados do IBGE.
Das 12 atividades que compõem o PIB, sete apresentaram queda em 2015 ante 2014, de acordo com o Monitor do PIB elaborado pela FGV. Os avanços foram registrados em agropecuária (1,5%), indústria extrativa mineral (4,7%), serviços imobiliários (0,3%) e administração pública (0,5%). A atividade de intermediação financeira apresentou estabilidade (0,0%).
No lado negativo, destacaram-se a construção (-8,9%), a indústria de transformação (-9,7%) e o setor de eletricidade, gás, água e limpeza (-1,6%). Como um todo, o PIB industrial levou um tombo de 6,6%. Se confirmado, será o pior resultado da série atual do IBGE, iniciada em 1996, superando até mesmo a queda de 4,7% vista em 2009, no auge dos efeitos da crise econômica internacional sobre a indústria brasileira.
Em Serviços, tiveram quedas comércio (-8,7%), transporte (-6,3%), serviços de informação (-0,6%) e outros serviços (-2,6%). No total, o PIB de Serviços cedeu 2,5% no ano passado, o que deve ser o primeiro resultado negativo desde o início da série, em 1996.
Pela ótica da demanda, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que representa os investimentos no PIB, levou um tombo de 14,7% em 2015 ante 2014, o que também deve ser recorde. O consumo das famílias encolheu 3,5% (outra marca histórica), enquanto o consumo do governo caiu 0,5% no período. No setor externo, o volume de importações diminuiu 14,5%, enquanto o de exportações cresceu 5,7%.
Trimestre
No quarto trimestre de 2015, o PIB encolheu 1,2% em relação ao terceiro trimestre do ano passado, já descontados os efeitos sazonais, estima o Monitor. Trata-se da quarta queda consecutiva nesta comparação. Em relação ao período de outubro a dezembro de 2014, o tombo foi de 5,6%. Nesta base, será a sétima retração seguida na atividade econômica.
2016
O PIB deste ano deve ter retração de 3,40%, de acordo com o Relatório de Mercado Focus, divulgado pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira (22/2). Na edição anterior da pesquisa, a estimativa era de baixa de 3,33% e na de quatro semanas atrás, de recuo de 3,00%. Para 2017, encolheu mais um pouco a expectativa de recuperação, com a mediana das estimativas oscilando de uma alta de 0,59% para 0,50%. O ajuste desta vez foi o quinto consecutivo – um mês atrás, a projeção era de crescimento de 0,80% da atividade.
A produção industrial segue como principal setor responsável pelas previsões para o PIB em 2016 e 2017. No boletim Focus, a mediana das estimativas do mercado para o setor manufatureiro revela uma expectativa de baixa de 4,40% para este ano ante -4,20% prevista na semana passada. Na pesquisa realizada quatro semanas atrás, a mediana das estimativas estava em -3,57%. Para 2017, depois de três semanas seguidas de aposta de expansão de 1,50% para a indústria, agora a previsão mudou para 1,00%. Quatro semanas antes, estava em 1,50%.
Os economistas não mexeram em suas estimativas para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB, uma das principais variáveis acompanhadas pelas agências de classificação de risco. Para 2016, a mediana das previsões seguiu em 40,70% de uma semana para outra, ante 40,20% de quatro semanas antes. No caso de 2017, as expectativas permaneceram em 44,00% de uma edição para a outra – no boletim divulgado há um mês a taxa era de 42,20%.