Ex-presidente da Petrobras diz que ignorou mensagens de Bolsonaro
“[Bolsonaro] chegou a me mandar mensagens e eu simplesmente não atendia”, revelou Castello Branco, ao Roda Viva
atualizado
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O ex-presidente da Petrobras Roberto Castello Branco (foto em destaque) afirmou, na segunda-feira (28/3), que chegou a ignorar mensagens do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Castello Branco foi demitido por Bolsonaro em 19 de fevereiro, via Facebook, em meio a sucessivos aumentos no preço dos combustíveis.
“As pressões se fazem na forma de recados, através de mensagens, mas o melhor a fazer é o que se tem convicção de que está certo. Faça a coisa certa e não tenha medo”, afirmou o economista, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.
“[O presidente Jair Bolsonaro] chegou a me mandar mensagens e eu simplesmente não atendia. Eu explicava e fornecia informações ao ministro Bento [Albuquerque, de Minas e Energia], porque os preços estavam subindo. Pronto”, prosseguiu.
Também na segunda-feira, Bolsonaro decidiu tirar o general Joaquim Silva e Luna, sucessor de Castello Branco, da presidência da empresa.
Em 10 de março, a Petrobras anunciou mega-aumento de até 24,9% no valor dos combustíveis.
“Infelizmente, isso é um fato comum na história da Petrobras. O mandato médio do presidente é inferior a dois anos, enquanto na iniciativa privada ficam entre cinco a 10 anos”, criticou Castello Branco, ao destacar que os últimos três presidentes da Petrobras (Pedro Parente, Castello Branco e general Silva e Luna) foram demitidos por circunstâncias políticas.
“Isso é muito ruim para a empresa. É um sinal muito ruim para a economia brasileira e para quem investe no Brasil. Não são interferências diretas, mas são pressões por interferências na determinação de preços de uma empresa que não é um órgão do governo”, acrescentou.