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Ex-diretores do Banco Central se dividem sobre nova Selic

Uma ala defende uma redução imediata enquanto outra parte avalia que instituição deve esperar uma definição sobre a reforma da Previdência

atualizado

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1 de 1 Michael Melo/Metrópoles - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Ex-diretores do Banco Central (BC) se dividem sobre quando a instituição deve começar a cortar a taxa de juros básica da economia (Selic). Enquanto uma ala defende uma redução imediata — ou ao menos uma sinalização mais firme sobre o começo desse movimento —, uma outra parte avalia que o BC deve manter a estratégia adotada até agora e esperar uma definição sobre a reforma da Previdência para rever a política monetária. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central começa nesta terça-feira (18/06/2019).

Os que defendem ao menos um aceno no comunicado dão ênfase à avaliação da modelagem que considera a longa permanência da taxa de desemprego elevada e a ociosidade da economia, indicando boas chances de a inflação seguir rodando abaixo do centro da meta neste e no próximo ano. Do outro lado, há o argumento de que o cenário, antes da aprovação da reforma da Previdência, ainda é arriscado e seria apropriado o Copom aguardar mais.

“Sem dúvida alguma, quando olhamos dados de hoje, vamos estar com a inflação tanto neste ano quanto no próximo bastante abaixo das metas e em um contexto no qual a economia não cresce”, diz Luiz Fernando Figueiredo, sócio-fundador da Mauá Capital. Para ele, pelo modelo que se tem hoje, está na hora de reduzir os juros. A projeção para a inflação oficial deste ano é de 3,7%.

Em maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve alta de 0,13% — acumulando 2,22% no ano. Já a taxa de desemprego ficou em 12,5% no trimestre terminado em abril. Aliado a isso, há sucessivas revisões para baixo de projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) tanto neste ano quanto em 2020.

Alexandre Schwartsman, da Schwartsman & Associados, espera, ao menos, nesta próxima reunião um reconhecimento e uma sinalização por parte do Copom de que o crescimento menor da economia e o desemprego alto já há algum tempo apontam para riscos baixos para a inflação no médio prazo.

Frustração
Tanto Figueiredo quanto Schwartsman ressaltam que, no início deste ano, a expectativa era a de que o ritmo de recuperação da economia brasileira fosse mais significativo, o que foi frustrado. Aliado a isso, o ambiente externo também se deteriorou com perspectivas mais acentuadas de menor crescimento e com os bancos centrais das principais economias desenvolvidas já discutindo cortes nos juros.

Um pouco mais cauteloso, Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, diz acreditar que a trajetória prospectiva da inflação permitirá ao Copom começar a flexibilizar a política monetária, mas apenas a partir da reunião de setembro. Isso, diz, considerando a aprovação da reforma da Previdência em agosto. “A reforma é condicionante porque, sem esta, devemos ter uma nova e, possivelmente, intensa rodada de depreciação cambial, que comprometeria o até aqui benigno cenário inflacionário.”

“Não vejo na inflação razão para cortar juros neste momento”, diz o economista-chefe do USB, Tony Volpon, para quem o BC deve optar pela cautela e aguardar o que resultará da aprovação da reforma da Previdência pelo Congresso — até para ter uma dimensão de quão robusta ela será. “Seria prudente para o BC esperar e ver o que sai dessa reforma.”

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