Estados correm para aderir ao Regime de Recuperação Fiscal
A medida permitirá, entre outros benefícios, a suspensão do pagamento das dívidas com a União
atualizado
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Diante das persistentes dificuldades financeiras e dos atrasos de salários, os governos estaduais de Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul correm contra o tempo para cumprir as exigências para a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF). A medida permitirá, entre outros benefícios, a suspensão do pagamento da dívida com a União. As tratativas estão mais adiantadas com o Rio, cujos deputados já aprovaram a adesão ao programa.
Os estados ainda precisam adequar seus planos de recuperação à lei federal, que sofreu alterações durante a tramitação no Congresso. Esses ajustes são cruciais para compensar perdas em receitas que antes eram dadas como certas. O Rio, por exemplo, esperava arrecadar ao ano R$ 1,6 bilhão dos servidores e R$ 3,2 bilhões dos poderes (R$ 4,8 bilhões no total) com a criação de uma alíquota extra para a Previdência, mas esse item foi derrubado pelos parlamentares federais.
Os números dos planos que serão apresentados pelos estados devem trazer uma revisão dos parâmetros macroeconômicos adotados no início do ano para as estimativas. A Secretaria de Fazenda do Rio não informou quais parâmetros foram usados.
Mas o secretário de Fazenda, Gustavo Barbosa, já reconhece que o valor total do socorro — que inclui privatização de empresas, suspensão de dívidas e arrecadação extra com contribuições previdenciárias — possivelmente ficará abaixo dos R$ 62,4 bilhões anunciados no início do ano.
O governo gaúcho, que ainda não quitou a folha de pagamento de maio, prepara um plebiscito para autorizar a venda de seus ativos na área de energia — Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), Companhia Riograndense de Mineração (CRM) e Sulgás.
A consulta para a venda de ativos é uma condição imposta pela Constituição estadual. O Executivo gaúcho tenta aprovar um decreto para convocar o pleito para 15 de novembro. A venda de estatais é condição para que o estado acesse os benefícios que serão concedidos pela União.
Enquanto os estados correm para atender às medidas, o governo federal trabalha para concluir até o fim do mês as regulamentações necessárias à implementação do RRF. A lista inclui a definição de como será a contratação das novas operações de crédito (como antecipação de receitas da venda de ativos), como serão apurados os índices previstos como requisitos para adesão ao regime e até mesmo do conceito de equilíbrio fiscal.
A União também precisa fixar, em decreto, como se dará a operação por meio da qual o Tesouro honrará garantias de empréstimos com terceiros desses estados.