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Escola de Chicago: teorias liberais nortearão o governo Bolsonaro

Futura gestão federal tem, até o momento, quatro “Chicago Boys” no primeiro escalão da economia

atualizado

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Votação na Câmara dos Deputados do impeachment ao afastamento da presidenta Dilma Rousseff – Na foto o deputado Jair Bolsonaro Brasília – DF 17/04/2016
1 de 1 Votação na Câmara dos Deputados do impeachment ao afastamento da presidenta Dilma Rousseff – Na foto o deputado Jair Bolsonaro Brasília – DF 17/04/2016 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

A montagem do primeiro escalão da equipe econômica do governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro, mostra um alinhamento de ideias. Grande parte do grupo segue teorias da chamada Escola de Chicago. Ligada ao Departamento de Economia da universidade da cidade norte-americana, ela surgiu na década de 1950 e é o berço do liberalismo econômico. Paulo Guedes (Economia), Joaquim Levy (BNDES), Roberto Castello Branco (Petrobras) e Rubem Novaes (Banco do Brasil) são alguns dos seguidores dos princípios liberais.

A Escola de Chicago defende o livre mercado, com a menor presença estatal possível. Liberdade de preços, abertura econômica, redução de impostos e privatizações estão entre as principais teorias defendidas.

O conjunto de ideias surgiu em oposição ao chamado keynesianismo, que defende a intervenção do Estado na economia. A criação e a garantia de direitos como salário mínimo, seguro-desemprego, jornada de trabalho regular e assistência médica gratuita estão entre os benefícios defendidos por quem segue as teorias consolidadas pelo economista inglês John Maynard Keynes. A Escola de Chicago é crítica a essa linha de pensamento.

A grande estrela das teorias seguidas pelos “Chicago Boys” do governo Bolsonaro é Milton Friedman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 1976. Suas ideias liberais influenciaram políticas econômicas dos governos de Margareth Thatcher (Reino Unido), Ronald Reagan (Estados Unidos) e Augusto Pinochet (Chile).

A Escola de Chicago é o mercado elevado à última potência

Wellington Leonardo da Silva, presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon)

Privatizações
Um dos conceitos mais aguardados em relação ao governo de Bolsonaro é relacionado a desestatizações. Nesta semana, o presidente eleito reconheceu que a Petrobras terá setores privatizados. “Estamos conversando. Eu não sou uma pessoa inflexível. Mas nós temos que ter muita responsabilidade para levar adiante um plano como esse”, declarou.

Além da Petrobras, a futura gestão do Banco do Brasil avalia entregar braços da instituição à iniciativa privada. A informação foi revelada pelo indicado à presidência do BB, Rubem Novaes. “A orientação é eficiência, enxugamento e privatizar o que for possível”, afirmou o economista.

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Futuro presidente do BNDES, Joaquim Levy é doutor pela Universidade de Chicago
Atual presidente da petroleira, Roberto Castello Branco
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Futuro presidente do BNDES, Joaquim Levy é doutor pela Universidade de Chicago

José Cruz/Agência Brasil
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Atual presidente da petroleira, Roberto Castello Branco

Hugo Barreto / Metrópoles

 

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Para o presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Wellinton Leonardo da Silva, a aplicação das teorias da Escola de Chicago trará mais pontos negativos à economia brasileira que positivos. “Ela interferirá de forma negativa no país e no nosso povo. ‘Quem não tiver as condições financeiras para pagar escolas, assistência médica e outros benefícios em vigor que se lasque’”, disse Silva.

“Necessariamente, teremos muitas perdas. Uma das falsas coisas que eles dizem é que o setor privado vai fazer o Brasil crescer. A Escola de Chicago penaliza muito quem sofre e quem precisa sobreviver”, completou o economista.

Para o professor José Carlos Oliveira, da Universidade de Brasília (UnB), a equipe econômica em formação tem domínio teórico, o que é uma característica importante, apesar de alguns membros, como Paulo Guedes, não terem experiência governamental. “A formação teórica do grupo traz uma expectativa muito boa, diante do alinhamento e coerência deles. A equipe tem bastante domínio do assunto.”

Na análise de Oliveira, os líderes econômicos de Bolsonaro terão um desafio grandioso para reverter questionáveis políticas no setor adotadas pelos últimos governos, em especial na gestão de Dilma Rousseff (PT). “A economia brasileira está em maus lençóis. Temos que reverter esse quadro.”

Economia x política
O professor, no entanto, reconhece que a aplicação das teorias liberais terá um desafio paralelo: as relações políticas. O próximo governo deverá dialogar com o Congresso Nacional para contornar possíveis barreiras às propostas econômicas. Oliveira lembra que Jair Bolsonaro não venceu a eleição presidencial com uma grande diferença para o segundo colocado, Fernando Haddad (PT).

Não foi 70% a 30%, como estavam prevendo. Você tem um país dividido, com uma segmentação difícil de se administrar. A economia não é uma ciência independente. Ela precisa dialogar com outras, como a política

José Carlos Oliveira, professor da UnB

Na gestão de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes terá o status de superministro, já que o futuro Ministério da Economia vai concentrar atividades de três atuais pastas: Fazenda, Planejamento e Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

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