Enquanto Guedes aventa privatização da Petrobras, servidores protestam
Ora o ministro da Economia afirma que vender a estatal é uma opção, ora diz que é especulação. Servidores estão apreensivos
atualizado
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No rol de estatais que deverão ser privatizadas no governo Jair Bolsonaro (PSL), algumas empresas têm, segundo o Planalto, seus destinos definidos, como os Correios e a Eletrobras. No entanto, o governo ainda não sabe o que fazer com uma das jóias da coroa, a Petrobras. Ora o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirma que Bolsonaro não descarta privatizar a petroleira, ora garante que a venda da empresa não está no horizonte. Vender ou não vender: eis a questão.
Nessa quinta-feira (15/08/2019), o ministro afirmou, durante a 20ª conferência anual do Santander, em São Paulo, que a Petrobras estaria na lista das estatais “privatizáveis”. Logo depois, ressaltou que, por enquanto, a ideia é apenas “brincadeira e especulação”.
“Vamos privatizar Correios, Eletrobras e não duvido que vamos privatizar coisas maiores, viu, Castello?”, disse Guedes, dirigindo-se ao presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, em evento realizado na sequência, no Rio de Janeiro.
A indecisão em torno do futuro da Petrobrás, a 10ª maior petroleira do mundo, segundo a revista Forbes, com arrecadação de US$ 95,5 bilhões em 2018, causa apreensão entre seus servidores. Eles acreditam que a venda de distribuidoras e refinarias da empresa integra o plano de privatizá-la.
Por conta disso, será realizado um ato, nesta sexta-feira (16/08/2019), a partir das 11h, na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, em prol de uma estatal integrada e em torno de uma grande aliança em defesa da empresa. Além do mais, foi instituído, no dia 13 de junho, o Fórum de Defesa da Petrobras, coordenado pelo Sindicato dos Petroleiros do Paraná (Sindipetro).
Patrimônio do povo
“Nós estamos vivendo uma das maiores afrontas contra o país, que é a entrega da Petrobras para o capital estrangeiro. A Petrobras tem um papel fundamental na geração de renda do país e auxilia no desenvolvimento social com seus repasses para programas governamentais”, diz a secretária-geral do Sindipetro, Anacélie Azevedo,
Ela convoca os movimentos sociais e sindicatos a participarem da luta pela instituição, pois é um patrimônio do povo. “O Fórum tem esse propósito, de fazer com que todos os movimentos sociais participem da luta. Temos que mostrar que a Petrobras é importantíssima para manter o desenvolvimento e a soberania do país. Queremos que todos participem conosco desta batalha”, enfatiza Anacélie Azevedo.
Anacélie conta ainda que a Petrobras é crucial para o desenvolvimento da educação pública no país, visto que conforme a Lei nº 5.500/2013, o estado deve repassar 75% dos royalties do petróleo para essa área. Os outros 25% devem ser investidos na saúde pública.
“Com a venda do pré-sal, nossos serviços públicos perdem grandes investimentos. É a educação de nossas crianças e jovens que está sendo ameaçada e isso afeta toda a sociedade”, destaca.
Privatizar tudo
Por sua vez, Paulo Guedes relembra que o presidente falava, desde a campanha eleitoral, “que devia privatizar tudo”. Segundo ele, as estatais esgotaram um ciclo de financiamento, perderam a capacidade de investir, e foram “ficando para trás”, avaliou.
“No caso da Petrobras, ela quase quebrou. A Eletrobras quase quebrou. Elas foram destruídas pelos governos anteriores. Agora, elas estão em recuperação, mas a Petrobras não tem como fazer frente aos investimentos de US$ 600 bilhões, US$ 700 bilhões para extrair do pré-sal”, explicou.
Ele deu como exemplo também o caso da Eletrobras, que não tem capacidade de investimento. “Ela tem que fazer R$ 14 bilhões por ano, mas tem capacidade para fazer R$ 3 bilhões ou R$ 4 bilhões apenas”, concluiu. (Com Agência Estado)